27.12.08

21.12.08

o dia em que eu deixar de ser dono da minha história, será o dia em que de mim, só histórias.
até lá, falo e oiço e sou o meu dono.

19.12.08

gramaticamente falando

enquanto que os adjectivos dão forma, cor, cheiro, som ou paladar aos substantivos, os advérbios, por seu lado, dão ao verbo a imagem que nos faltava para, numa fracção de segundo, vislumbrarmos a sua acção.

dizer que o músico é virtuoso é diferente de dizer que o músico toca virtuosamente.

para além do exagerado número de vírgulas em tão curto parágrafo e da banalidade da observação registada, este post é valioso na medida em que já acabou.

18.12.08

séc. XXI

médicos americanos transplantam 80% do rosto de uma mulher

curiosidade

Ética

do Lat. ethica ; Gr. ethiké

A palavra Ética é originada do grego ethos, (modo de ser, carácter) através do latim mos (ou no plural mores) (costumes, de onde se derivou a palavra moral.)

A ética pode ser interpretada como um termo genérico que designa aquilo que é frequentemente descrito como a "ciência da moralidade", o seu significado derivado do grego, quer dizer 'Casa da Alma'.


13.12.08

o que se ouve dizer quando se pedem histórias a quem as viveu

no outro dia, ouvi dizer que durante a ditadura os bastões da gnr tinham a simpática alcunha de cavalos marinhos...

também ouvi dizer que havia uma cela (não me lembro se em caxias ou peniche) que enchia ou esvaziava consoante a maré...

parece que havia mesmo aquele género de tortura em que enfiam um corpo no meio de uma estrutura apinhada de pequenas estacas de ferro bem afiadas e coladinhas à pele... parece que não dava para um gajo se mexer...

chegaram a prender gente durante dez anos só porque a encontravam na tasca a conversar sobre os papeis que tinham aparecido espalhados pelas ruas da aldeia... tais eram as preocupações ambientais...

parece que houve até episódios com meia dúzia de gajos pendurados de cabeça para baixo durante horas... parece que isto acontecia com maior frequência durante as horas de verão... parece ainda que havia uma senhora que trabalhava nos serviços de limpeza da prisão que, nestas ocasiões e durante a hora de almoço dos brincalhões, ia passar um paninho molhado pela cara da rapaziada que ficava ali a não apreciar muito a brincadeira... parece que alguns não aguentaram a brincadeira...

não há por aí ninguém que queira tirar a limpo estas histórias e fazer um filme cheio de episódios destes? o filme podia até nem se chamar crueldade...

4.12.08

pisca pisca

no que diz respeito à relação entre condutores e piscas, há 4 tipos de atitudes:


1 os que fazem pisca antes de iniciarem a manobra

2 os que fazem pisca quando iniciam a manobra

3 os que fazem pisca depois de iniciarem a manobra

4 os que não fazem pisca antes, durante ou depois da manobra


dos primeiros, nada a dizer a não ser que sabem conduzir. dos últimos, dizer que devem achar que são os únicos na estrada. dos segundos e terceiros, dizer que mais valia fazerem como os últimos… pelo menos poupavam-se ao trabalho…

o cheiro das coisas

já enjoa tanta avaliação!
a ministra não recua e os professores não apresentam alternativas, (parece que) toda a gente quer avaliação mas ninguém se decide… entretanto as pessoas que continuem a laborar como se nada fosse… e é se querem!

já se sabe que mentalidades não mudam por decreto, já se sabe que vivemos num país em que o corporativismo aparece – na hierarquia de valores (caso os haja!) - muito antes da ética profissional, já se sabe que vivemos no país do papel, no país em que os ladrões, aldrabões, charlatães e afins, são os heróis, no país que depois de uma revolução mantém na cadeira os mesmos juízes da ditadura, no país da aparência e da dívida ao banco, no país que fez desaparecer do léxico a “palavra d’honra”… enfim… podia ficar aqui o resto da folha a queixar-me e ser só mais um, mas enquanto tivermos gente mazinha a chafurdar no “pântano”, os bonzinhos limitar-se-ão a conviver com o cheiro da merda…

25.11.08

já agora e a propósito de cidadania

A Ditadura Militar (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974) foram, conjuntamente, o mais longo regime ditatorial na Europa Ocidental durante o séc. XX, estendendo-se por 48 anos.


wikipédia

and now for something completely good news

monty python lançam canal no youtube!

notícia do público com um cheirinho a risada

19.11.08

and now for something completely serious

Já se sabe que “a democracia é o menos mau dos regimes políticos que se conhecem”. Aproveito uma onda de relativa euforia/expectativa impulsionada pelas eleições norte-americanas e o facto de se aproximar um ano pleno de eleições cá para nós. Aproveito também o facto de me ver a ser formador de adultos (se forem crianças ou jovens, sou educador ou professor, se forem adultos, sou formador...) numa coisa que se chama “cidadania e desenvolvimento pessoal”. Aproveito a revisão da matéria de direito do 10º ano. Aproveito isto tudo e deixo aqui a fórmula que transforma o voto de cada um num representante na assembleia do povo que é a da república (partindo do princípio que votamos em alguém que é eleito pelo nosso círculo):


A conversão dos votos em mandatos faz-se de acordo com o método de representação proporcional de Hondt, obedecendo às seguintes regras:


a) Apura-se em separado o número de votos recebidos por cada lista no círculo eleitoral respectivo;

b) O número de votos apurados por cada lista é dividido, sucessivamente, por, 1, 2, 3, 4, 5, etc., sendo os quocientes alinhados pela ordem decrescente da sua grandeza numa série de tantos termos quantos os mandatos atribuídos ao círculo eleitoral respectivo;

c) Os mandatos pertencem às listas a que correspondem os termos da série estabelecida pela regra anterior, recebendo cada uma das listas tantos mandatos quantos os seus termos na série;

d) No caso de restar um só mandato para distribuir e de os termos seguintes da série serem iguais e de listas diferentes, o mandato cabe à lista que tiver obtido menor número de votos.


Curiosa a alínea d… será a democracia no seu expoente máximo?

16.11.08

palavras feitas poema

palavras
atiro-as pro chão
ou guardo-as na mão
meto-as no bolso
ou fumo-as se posso

palavras
brinco com elas
que brincam comigo
e pinto-as às cores
quando consigo

palavras
às vezes sorriem-me
que gostam de me ver
dizem-me que adoram
da minha boca beber

palavras
às vezes gritadas
às vezes choradas
quem sabe cuspidas
e até engolidas

palavras
há que as escreva
e há quem as cante
há quem as pense
e há quem as pinte

palavras
moucas e vãs
poucas as sãs
loucas assaz
dementes quiçá

palavras
tantas as ignóbeis
quanto as boçais
demais as escusadas
de tão usadas e gastas

palavras
há-as aos molhos
pequenas e grandes
finas e grossas
palavras pra quê?

11.11.08

escreve o camilo:

Amigos


Amigos cento e dez, talvez mais,

Eu já contei. Vaidades que eu sentia!

Supus que sobre a terra não havia

Mais ditoso mortal entre os mortais.


Amigos cento e dez, tão serviçais,

Tão zelosos das leis da cortesia,

Que eu, já farto de os ver, me escapulia

Às suas curvaturas vertebrais


Um dia adoeci profundamente.

Ceguei. Dos cento e dez houve um somente

Que não desfez os laços quase rotos.


- Que vamos nós (diziam) lá fazer?

Se ele está cego, não nos pode ver…

Que cento e nove impávidos marotos!


Camilo Castelo Branco

(Lisboa, 1825-1890)


não costumo ler o camilo mas encontrei isto ali no meio de outras coisas. fica aqui escrito não porque me reveja nas palavras amargas mas porque me interrogo se, dadas as probabilidades, não me enquadrarei num desses cento e nove. trouxe isto para aqui porque li ontem um relato realmente comovente de um encontro de amigas, algo despertado por um – aparentemente – simples olhar. trouxe isto para aqui porque sou capaz de me lembrar de um ou dois amigos que facilmente me classificariam como impávido maroto, especialmente um. trouxe isto para aqui porque achei que devia trazer.

7.11.08

o trabalho de ser no acto de dar

embora às vezes não pareça, nunca me dei muito bem com o protagonismo. não que me zangue com ele ou ele comigo, o problema é que quanto maior ele for, maior é o trabalho que me dá. apesar de ser a qualidade que interessa, este trabalho também tem uma razão quantitativa: + protagonismo = + exposição + imagem + papel + expectativa + responsabilidade + exemplo + […].

se lidar internamente com as coisas dá o trabalho que dá, lidar com as coisas externas coberto com um protagonismo acrescido, dá ainda mais. a razão, a qualitativa, é exactamente o DAR.

5.11.08

they did!

quando acordar, o mundo é um melhor lugar.

continuará a ser o sistema, o dinheiro, as influências, claro, pouco irá mudar, mas a maior potência mundial tem como líder um homem que, mesmo que faça poucas mudanças, já fez história.
continuará a ser a américa, claro, mas quantos países europeus seriam capazes de eleger o filho de um emigrante africano para o lugar do timoneiro? e nós portugueses, seríamos capazes disso?

29.10.08

+ citação

os provérbios, ditados populares, citações cliché e afins, têm, de repente, dois ou três aspectos altamente positivos:

o significado das coisas que dizem é a essência de qualquer coisa tal como ela é.

são coisas simples nas quais qualquer ser humano é obrigado a pensar (ainda que por segundos).

são coisas entendidas à escala humana independentemente do tempo ou do espaço.

são muitas vezes metáforas que conseguem estabelecer uma ligação/relação muito lógica com a vulgaridade de qualquer objecto corriqueiro e o mais profundo sentido/pensamento existencialista que tenhamos sobre nós próprios.

(isto a propósito de um provérbio chinês que se ouviu há pouco no odisseia: a vida é como um chá, quanto mais tempo levar a assentar, melhor é o sabor)

25.10.08

dos tempos do telégrafo

os dias passam mas pouco os vejo. o tempo que vale ouro, p’ra mim é de ferro. o descanso é tanto que cansa. o pensamento chega de vez em quando para acalmar os ânimos porque o outono que chega traz vestido uma primavera castanha e um vento acinzentado. acompanho as mudanças p’lo mundo fora, sentado no sofá. tenho metade do meu mundo em casa e outra metade por aí, uns mais perto, muitos mais longe. cruzo-me de vez em quando com gente valiosa e demasiadas vezes com gente paupérrima. espero os dias mas não os desespero, aguardo pacientemente pelo fim de mais um ciclo.

15.10.08

heróis

é por causa do gaspar que vou escrever o que se verá que sai


o gaspar é um “amigo de liceu” e companheiro de muitas mudanças que hoje se deve sentir mais “enquadrado” em lisboa do que em castelo branco ou mirandela. é por causa do gaspar que vou escrever sobre heróis


(espero que não te importes que use o teu nome verdadeiro, joão manuel gaspar)


lol


nunca fui gajo de ler os heróis da banda desenhada. não é que não gostasse de me imaginar a voar ou a partir pedras só com o pensamento… não é isso... a condição de herói sempre foi algo que vi perfeitamente atribuível a um ser humano. assim sendo, esses heróis imaginados perdiam alguma da graça em virtude da real humanidade. nesta lógica, os meus heróis sempre me foram bastante próximos. da família aos amigos (mesmo professores!), até ao outros que admiramos ao longe, muitos são aqueles que admiro do fundo, daquele fundo de onde vêm as lágrimas


p.s. só pó gaspar – guardo ainda comigo o livro que não pediste emprestado à biblioteca de mirandela e que foi o grande responsável por ter conhecido o pessoa na pessoa de álvaro de campos

9.10.08

dicas

5 GB online para armazenar o que nos apetecer (windows skydrive).

muitos dos problemas do pc são criados porque não temos os controladores (drivers) actualizados. está aqui um software que analisa e actualiza todos os controladores (radarsync > baixar > instalar > executar).

já agora...

iniciar> todos os programas> windows update (regularmente)

iniciar> todos os programas> acessórios> ferramentas do sistema> desfragmentador do disco (uma vez por mês!).

para medir a velocidade da ligação à net (download + upload) > velocímetro da beltrónica

25.9.08

e há lá título p'ra isto?

parece que ter ou andar de mãos nos bolsos pode, em certos contextos, ser considerado um gesto pouco “educado”. tenho pena porque prefiro ter as mãos nos bolsos a preocupar-me em mantê-las fora deles. 

20.9.08

a zona de ninguém e o acaso

há momentos em que tenho a sensação que entre eu e o outro há uma zona de ninguém onde ninguém se atreve a tocar. não falo de uma zona propriamente física, é mais uma área inexpressiva que se localiza entre aquilo que achamos conhecer do outro e aquilo que realmente conhecemos (sendo o que “realmente conhecemos” igual a atitudes, gestos, movimentos, olhares, tons de voz,…., associadas a “maneiras de ser”). coisas que observamos e aprendemos a identificar no meio das infindáveis formas de expressão humana. à medida que vamos conhecendo o outro, vamos sendo capazes de fazer corresponder cada vez mais ligações entre as suas expressões e as nossas conclusões. tudo sempre devidamente assente no campo da realidade-partilhada-observável-e-comprovável. mesmo assim e por mais que julguemos conhecer o outro, há sempre aquelas zonas de ninguém onde é o acaso vai fazendo a gestão das fronteiras. estes acasos, vítimas da sua genuína espontaneidade, acabam por nos dar mais dados sobre a nossa própria fronteira do que qualquer outra coisa.  

10.9.08

as férias e o aborrecimento da sua explicação

"atão…? que tal de férias?”

sempre tive alguma aversão (educadamente camuflada pelo sentido das boas maneiras) a esta pergunta e ao género de diálogos que a pergunta traz consigo.

porquê esta necessidade curiosa de querer saber algo íntimo como se do interesse social se tratasse?

se é motivo para lançar tema de discussão, quiçá motivo de aproximação entre as pessoas, não seria mais interessante falar sobre o tempo?

será que as pessoas se interessam genuinamente sobre as coisas que fazemos com os nossos tempos livres?

haverá quem - durante as férias - perca temo a pensar na resposta que vai dar a esta inevitável pergunta?

haverá - pior ainda - quem planifique datas e finanças em função da resposta que vai dar à malograda pergunta?

enfim… haja paciência, saúde e férias com fartura.

just joking

8.9.08

cerro os olhos para te não ver

e espalho o olhar por cada dedo  

deito o coração na palma da mão

e toco-te, cego de mim, iluminado em ti

 

provo do teu cheiro cheio de mel

e sinto, por debaixo da pele

o que nenhum sentido me pode dar

por mais olhos e dedos que tenha

 

encerro

um sem fim de ti

dentro de mim

enquanto sonho

de olhos fechados

e coração aberto

o muito que somos ali

no sonho vivido 

13.7.08

"da admirável estirpe" do saber




















(esta é pelo 19 de história e estética III)

27.6.08

comparados com o que se vê que se vive, os meus problemas são do tamanho de um átomo

o meu umbigo e o resto do mundo

quando duas pessoas são obrigadas (pela profissão) a criar e manter uma relação, há vários caminhos possíveis. um deles, o melhor (numa-perspectiva-pessoal-de-riqueza=a-qualidade-de-vida+andar-para-a-frente-em-
todas-as-dimensões-humanas-da-existência-pessoal&social), sempre me pareceu aquele caminho que nos permite partilhar vidas muito para lá da convivência diária da dimensão profissional/pessoal.

escolhermos, acolhermos e sermos escolhidos e acolhidos por vidas que se nos ligam numa partilha de valores morais, princípios, filosofias de vida e coisas igualmente basilares, é, sem dúvida alguma, um dos enormes prazeres que tenho tido na vida (numa-perspectiva-relativamente-modesta-e-observada-a-partir-dos-meus-humildes-
trinta-e-um-anos). encontrar pessoas com padrões morais relativamente próximos dos nossos, é coisa rara. encontrar pessoas assim em contextos profissionais, é ainda mais raro. ter essa sorte e perdê-la por razões puramente umbilicais (no-sentido-de”o-meu-umbigo-no-centro-do-meu-mundo”), tem que se transformar numa óptima oportunidade para reflectir sobre aquilo que somos para os outros naquilo que parece ser a essência pessoal que emanamos. ter azares destes e não aprender com eles, significa, pelo contrário, passar em branco por um episódio que nos podia ter feito crescer abundantemente mas não, é tábua rasa.

preferimos ficar a contemplar a imagem do nosso umbigo no lugar daquilo que deveria ser o interesse Maior da nossa existência naquele contexto, no meio daquelas outras existências.

seja como for, o que pensou e assim escreveu, daqui se vai liberto de algo que precisava de ver posto em palavras.

19.6.08

europeu, o que faltou

aos jogadores:

humildade
pragmatismo
inteligência
bola no chão
o ricardo no banco
o nani mais cedo
a sorte

ao treinador:

exactamente as mesmas coisas + a sabedoria no timming escolhido para a hora da despedida...

ao povo português:

saber não ter ilusões

enfim... aprendamos!

um grito

apetece-me gritar e chorar

rebentar e explodir

romper e partir

ser um terramoto

um vulcão e um maremoto

apetece-me desaparecer

ser eu e ser nada

ser estrada sem fim

alma fora de mim

corpo invisível

como se fosse possível

ser assim


mas não, não sou

não faço e não estou

fui ali e já venho

levado p’lo sangue montanheiro

acalmado pelo coração da planície

sou só eu e já gritei

chorei e parti

rompi e explodi

aqui e assim

sem sair de mim

que sou quem mais sou

mesmo que seja assim

12.6.08

um momento no meio do mundo que me leva no tempo

como se o mundo fosse o momento
e o momento as emoções,
como se nada mais importasse
e nos bastasse
um mundo no momento
e o sentimento no fundo
no fundo do pensamento

e como

sem pensarmos
vemos e percebemos
que somos tão só um ser
passageiro de um mundo
de passagem pelo tempo
e nada mais do que isso
ficará por isso
para lá das cinzas,
das palavras e das memórias

6.6.08

31.5.08

diálogos a um

tenho, sempre tive, muitos momentos em que me oiço a falar comigo próprio. desde que aprendi a conduzir e passei a viver também ao volante de um carro, descobri mais uma forma de me ouvir: a conduzir. desde que há os telemóveis, tem-me sido ainda mais fácil fazê-lo porque se alguém que se cruza comigo na estrada me vê a falar sozinho, pensará que falo para o popular auricular. corro menos riscos de ser tomado por um louco. quando não há auto rádio, a propensão para a loucura torna-se maior… ontem, fartei-me de rir comigo e de mim. uma das frases que me ouvi repetir várias vezes em voz alta:
"de moldes que estás rotundamente enganado derivado de que errar é umano e é verdade… é raro mas és umano!"

21.5.08

sobre o poder da palavra

uma palavra contém em si própria um manancial infindável de cenários imagináveis, imaginários e inimagináveis. peguemos, por exemplo, na palavra PEDRA. uma pedra é uma pedra, maior ou menor, mais ou menos rugosa, clara ou escura, é uma pedra, só uma pedra.

contudo…

quantas pedras não foram já sinónimo de morte? quantos não foram “justamente” apedrejados até encontrarem essa morte? quantos não foram nados em cima de pedras? e quantas pedras registam as únicas imagens que nos chegam dos primórdios da humanidade? com quantas pedras se construíram as pirâmides do egipto? quantos não sangraram até à morte em cima de todas as pedras de todos os castelos da europa medieval? quantos amores foram celebrados na companhia das pedras? e quantas pedras beberam as lágrimas de um amor que acabou? quantas pedras foram atiradas com gritos de liberdade desde a primeira intifada? quantas vezes não revolvemos em pensamento o nosso interior enquanto caminhávamos e olhávamos as pedras da calçada? quantas vezes não contámos as pedras dessa mesma calçada a caminho de casa ou d’outro sítio qualquer?

podia ficar a noite toda a falar das pedras e a noite toda não me chegaria…

se uma imagem vale por mil palavras, uma palavra há-de valer por um número incontável de imagens.

19.5.08

a propósito de trabalho

há por aí muito trabalho, há por aí quem o possa fazer mas não lhe apetece, há quem o queira fazer mas não pode. há ainda, claro, quem nem uma coisa nem outra. há quem finja que trabalha, há quem invente trabalho, há quem trabalhe mais do que aquilo que devia, há quem ache que trabalha muito (quando só o faz com a língua), há quem trabalhe em função do trabalho do vizinho, há quem parasite o trabalho alheio, há quem trabalhe por si e pelo outro, há quem trabalhe unicamente pelo dinheiro e há quem trabalhe pelo objectivo e veja no dinheiro uma recompensa. enfim… trabalho há muito, é preciso é fazê-lo.

o trabalho é a contribuição de cada um para uma máquina que ser quer mais eficiente num mundo que se quer mais eficaz.

o ideal seria fazer daquilo que gostamos de fazer todos os dias, o nosso trabalho... mas podemos tentar gostar daquilo que fazemos todos os dias no trabalho...

p.s. trabalhar e cumprir horários são duas coisas amplamente distintas.

p.s.II o trabalhador que mais admiro e respeito é o homem do lixo.

17.5.08

the mercy seat


"The Mercy Seat" is a song written by Nick Cave (lyrics and music) and Mick Harvey (music), originally performed by Nick Cave and the Bad Seeds on the 1988 Tender Prey album.
Johnny Cash covered the song on his 2000 album American III: Solitary Man.
wikipedia

15.5.08

parabéns!!

a duas das mais admiráveis mulheres guerreiras: a sua mãe e a sua mara

14.5.08


New blood joins this earth
And quickly he's subdued
Through constant pained disgrace
The young boy learns their rules

With time the child draws in
This whipping boy done wrong
Deprived of all his thoughts
The young man strugggles on and on he's known
A vow unto his own
That never from this day
His will they'll take away

What i've felt
What i've known
Never shined through in what i've shown
Never be
Never see
Won't see what might have been
What i've felt
What i've known
Never shined through in what i've shown
Never free
Never me
So i dub thee UNFORGIVEN

They dedicate their lives
To running all of his
He tries to please then all
This bitter man he is
Throughout his life the same
He's battled constantly
This fight he cannot win
A tired man they see no longer cares
The old man then prepares
To die regretfully
That old man here is me

You labeled me
I'll label you
So i dub thee UNFORGIVEN

metallica - the unforgiven

11.5.08

meia dúzia de coisas e um ou dois vícios (ou o mais um narrador participante no vasto processo evolutivo da humanidade, ou ainda, um processo)

vai parecer um desabafo mas não o será.

há meia dúzia de coisas que – como (quase) todos - quero da vida: paz, saúde, alegria, amor, amigos, família e o dinheiro suficiente para poder viver com isto e mais um ou dois vícios.

partindo deste princípio e acreditando no valor da adaptação nessa lei darwiniana da evolução, será de se esperar que aja de maneira a que esta meia dúzia de coisas me estejam asseguradas. com isto, vem um trabalho acrescido motivado por um profundo peso existencial da consciência: a aplicação da sinceridade no que sou e no que faço para que possa vir a ter a verdade do que quero sem que perca muito tempo com esquemas superficiais.

admitindo que sou um observador deste vasto processo evolutivo que em último caso me tem como mais um objecto seu, será de se esperar que tenha um papel activo na moldagem que ele faz do meu eu (individual e social) de maneira a evitar os constantes recomeços e os seus consequentes vazios iniciais.

acreditando que sou um ser humano inteligente e sensível às “coisas”, espera-se que saiba fazer da adaptação uma constante aprendizagem e da vida uma joie de vivre.

muito se espera de um único ser humano numa sociedade tão grande e num processo tão complexo… o que vale é que não sou o único…

30.4.08

monty python: guarding the room

fica aqui uma homenagem à palermice saloia de todos os atrasados mentais que passam os dias a sugar e a lamber as botas aos saloios-mor. lambidelas em nome do dinheiro, do poder e do status que, em última análise, não são nem mais nem menos do que a mais perfeita prova da burrice de uns e a estupidez de outros.

24.4.08

dia 15, 9 dias depois

chegou a casa. esperavam-no os gatos que se apressaram a sair do conforto do sofá para o cumprimentarem, ele pousou a mala, retribuiu o cumprimento e foi imediatamente para o quarto vestir uma roupa mais confortável: a camisola de um pijama, as calças de um fato de treino e, claro, os chinelos de quarto. logo depois, o escritório, a sua secretária, a cadeira desta, o computador, uma chávena de café e um cigarro exótico. é dia quinze de abril e apetece-lhe dizer qualquer coisa sobre isso, especialmente porque é o seu trigésimo primeiro aniversário. entretanto ela chega e vai quase imediatamente para a cozinha preparar o que há-de ser diferente neste romântico jantar de aniversário: a mousse de chocolate. ele, absorvido pela música, a escrita, o café e o exotismo do cigarro, regressa ao computador pouco depois de a receber. recomeça e quase que acaba o que escreve mas nesse dia não há-de escrever mais do que aqui se repete:

se me lembrasse de fazer um apontamento mais solene sobre o que significa ter 31, diria coisas com a mínima importância e o máximo significado. diria por exemplo que me sinto ainda uma criança que se deslumbra com as coisas mais simples do universo, como uma música, um poema, um sorriso, uma flor ou o canto de um pássaro. diria que me sinto uma criança num mundo menos ingénuo do que o meu íntimo e, ao mesmo tempo, um velho de olhar atento e ouvido sapiente, um velho ao sol num campo de alfazemas. diria ainda que sinto o mundo a correr mais depressa do que eu, e eu, serenamente, a desejar que o mundo não me atropele porque afinal de contas, o mundo ainda vem lá atrás. diria ainda, talvez para terminar - ou talvez não, que vejo todos os dias quem tenta alcançar a velocidade do mundo sem olhar aos que vão caindo pelo caminho, como se o mundo fosse só dos que correm velozmente, como se o mundo fosse só para duros. aos 31, vejo um mundo onde as diferenças interessam mais do que a igualdade, um mundo em que as pessoas se esquecem muitas vezes que andam todas à procura da mesma coisa: felicidade.

estava ele de volta das vírgulas, das repetições, dos artigos e dos advérbios quando ouve o som de quem bate na porta do lado de fora. Algum Daqueles amigos que resolveu visitá-lo em tão solene dia. levanta-se e vai abrir a porta, a caminho, ainda pensa que é uma triste forma de receber alguém em dia de aniversário, de chinelos, fato de treino e pijama, tudo ao mesmo tempo. caga imediatamente nesse possível constrangimento, está em casa e só os íntimos o visitam à hora de jantar. abre a porta e vê seis caras, seis sorrisos, seis olhos bem abertos e seis dos mais chegados. demorou algum tempo a recompor-se da surpresa. vestiu uma roupa condigna muito mais depressa e, depois disso, tudo o que veio foi bom, Muito Bom.

15.4.08

battles » tonto

e... trinta e... um...


merci toni!!!

12.4.08

É diferente hoje o espelho

Não é o mesmo d’ontem

11.4.08

de repente, gente

saudades

tenho saudades

saudades de gente

de gente de quem gosto

de muita gente a quem quero

por querer ter essa gente sempre perto

perto de mim,

tão perto,

colada,

cá dentro,

esta gente

cara na cara, olhos nos olhos

esta gente

gente a quem há muito que não olho

gente a quem não sorrio há meses

gente que muito estimo e admiro

gente que quero comigo

sempre comigo cá dentro,

dentro no fundo de dentro de mim

9.4.08

de repente, meia dúzia de defeitos

sou um gajo com um péssimo feitio, os meus humores variam a velocidades alucinantes, tenho um péssimo acordar (especialmente se o fim do sono tiver chegado de surpresa), sou sério demasiadas vezes, distraído outras tantas e tenho uma péssima memória.

p'ra ti como se fosse domingo

falei-te ao telefone no fim de sexta e os “parabéns” pareciam querer saltar-me dos pulmões. dias antes, havia-te perguntado em que dia da semana calharia este ano, “domingo”, responderias tu. pois bem, domingo para um mundo inteiro e eu nada, mais uma vez, pela segunda vez (devo também ter-me esquecido das outras vezes em que me esqueci), falhou-me o dia, o dia em que não nos devemos esquecer de celebrar aqueles de quem mais gostamos. falhou-me esse dia outra vez, como outros me falharam e me continuarão a falhar. é um dom, sei-o agora, este gesto de falhar os dias “importantes” é um dom que se há-de repetir com a consequência da vergonha na sua mais intima manifestação.

seja como for e porque na viagem matinal a caminho do trabalho – de terça -me lembrei(!), quase vinte horas depois e o sossego essencial garantido, aqui ficam os parabéns por existires, os parabéns por seres quem és, os parabéns por tudo o que trouxeste ao meu mundo e ao meu ser.

2.4.08

a escola outra vez

pronto, é oficial, há um novo tema forte, uma nova moda noticiosa que vai durar mais uma semanita ou duas: indisciplina! violência na escola! pena é que o assunto tenha sido trazido a público a custo dos dramas pessoais de uma professora e uma aluna, do sangue suor e lágrimas de duas mulheres desgraçadas pela gracinha de um ou dois putos reguilas que filmaram e tornaram o drama público.

é, vamos ter indisciplina e violência por mais uns dias, vamos ter escolas a vender as notícias aos jornalistas, vamos ter minutos a fio de indisciplina e violência, vamos ter os testemunhos de quem vive de perto a notícia, vamos ter a análise de profissionais da educação, da saúde mental e, claro, a análise de profissionais da crítica.

é, vamos ter mais uns dias disto como se tivesse sido um choque para um país inteiro. um país de alunos indisciplinados, de professores mal-formados para lidar com alunos do século XXI e um país de pais que esperam que a escola ensine, eduque, proteja e mime os seu filhos. espera-se que a escola, além de ensinar, torne os filhos da sociedade em cidadãos exemplares, tá certo…

é, vai-se continuar a falar de violência e indisciplina mas o princípio do respeito, esse nobre princípio, vai continuar a ser acessório – se for - nas horas de notícias e teorias que ainda hão-de vir… é pena

30.3.08

há muito que não tirava um cd da prateleira de novidades fnac
este saiu e passou pela caixa

27.3.08

(são) 15 minutos bem passados (sff)

a expectativa é uma variável humana que serve os propósitos da complicação da mesma forma que o sal ajuda a tornar as batatas fritas numa iguaria. as duas coisas dispensáveis mas irresistíveis.

expectar, como se fosse viver um futuro idealizado, é uma forma de nos (re)conhecermos num lugar específico do mundo, num segundo fixado no relógio, uma questão de latitude/longitude no tempo dado.

a complicação que a expectativa pode trazer à vida reside nos seus diferentes tempos de concretização. por outro lado, adicionar sal às batatas fritas, é salgá-las.

19.3.08

diz-se muito sobre os professores...

os professores são muitas coisas, são. p’ra já, são muitos! ainda bem. depois, está provado, sabem o que significa organização, depois, depois há de tudo como em todo o lado: há aqueles que nasceram para tudo menos para serem professores, há os outros que vivem a escola e os seus alunos como se da sua própria vida se tratasse, há os que dão e há os que sugam a escola. há os autoritários e os liberais, os permissivos e os rígidos, há os amigos, os irmãos, os pais e até, os filhos dos seu próprios alunos. há os professores bonacheirões e os mais “stressados”, há os naturalmente alegres e os da mesma maneira melancólicos. há os professores dedicados e os descuidados, há os que não têm problemas em sujar as mãos e os que adoram passar os dias de aulas sentados nas suas secretárias, há, em última análise, os bons e os maus professores mas todos – acredito nisto – querem o melhor para os seu alunos. infelizmente, há hoje em dia um tempo exagerado de “tecnicidades” e burocracias que roubam ao professor muita da sua disponibilidade para ensinar enquanto mestre, ancião de conhecimentos profundos e importantes para a vida, é pena, perdem os putos e uma escola mais humanizada, ganha a tecnocracia… é pena… acho…

6.3.08

adoramos cobrir a essência com camadas ilusórias que sufocam qualquer genuinidade que possamos ter cá dentro

adoramos complicar, dramatizar, enredar, mastigar e engolir o acaso, o azar, a mágoa, a dor e o sofrimento que só existe porque o alimentamos. adoramos duvidar de nós próprios. adoramos a facilidade com que nos colocamos no lugar de elo mais fraco na cadeia de acontecimentos que dita os nossos dias. adoramos a leveza de não ter por responsabilidade mais do que aquilo que a nossa insegurança nos permite. adoramos escondermo-nos por debaixo de camadas superficiais de socialização. adoramos as máscaras que vestimos sempre que acordamos e só largamos depois de adormecermos. adoramos a facilidade com que lidamos com o essencial porque o essencial é mais sonho do que realidade. adoramos viver vidas que não são nossas. adoramos o sofrimento dos outros na medida em que isso nos torna felizes por sermos quem somos e não os que sofrem. adoramos o imediato, adoramos o materialismo, o comodismo e o facilitismo. no fundo, adoramos o vazio, mas eu não.

5.3.08

gandas oportunidades



obrigado luís pela partilha

16.2.08

apetecia-me dizer alguma coisa sobre alguma coisa. apetecia-me gritar coisas, cantar outras e cuspir algumas. pena é que me desagrade gritar, não saiba cantar e não goste de cuspir.

12.2.08

"saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos"

entretanto, descobri esse eterno livro de cabeceira aqui.

1.2.08

dass!

internet em casa! diz a pt que é até 2mbps mas não passa dos 600kbps... enfim... haja saúde.

29.1.08

a urgência do silêncio

fico inquieto quando procuro o silêncio e não o encontro
sem o silêncio que procuro, não sou eu
sem o silêncio que espero, sou o caos
sou o som infernal de uma orquestra desalinhada
desarranjada, desafinada e desordenada
sem esse silêncio sou sempre insuportável

24.1.08

dias

adensam-se os dias de quando em quando
sufocam-nos de tanto se encherem
como balões gigantes que nos esmagam
e nos apertam por entre a enchente de cada dia,
dias crescentes, que se enchem e nos esborracham
que nos soltam de quando em quando
quando se esvaziam no esvanecer de tensões
e libertam o ar pesado daquela hora (in)tensa

são dias assim
como balões gigantes
cheios de mundos e fundos
altos e baixos
claros e escuros
quentes e frios
curtos e longos
estes e os outros
os d’ontem,
os d’amanhã,
são dias assim
como outros quaisquer

portanto,
inventa
entretém-te
distrai-te
descansa
relaxa
sossega,
rebenta o balão
se te apetecer
e toma o dia
toma-o pelas tuas mãos
mas toma-o mesmo!

23.1.08

poder silencioso

muitas vezes o maior poder reside no silêncio, no olhar atento de quem pode mas não o faz, na machada suspensa no ar ou a coroa de louros a balançar na mão. a atitude de quem-sabe-que-tem-o-poder-mas-opta-por-não-o-usar em momentos de tensão e/ou crispação, pode intimidar mais do que a ameaça ou o usufruto constante desse poder. o poder, em determinadas circunstâncias, é maior quando não é usado e muito menos abusado.

18.1.08

ficção VIII

(antes)

“jovem casal morre atropelado por condutor embriagado que disputava uma corrida com um amigo e, no descontrolo do carro, sobe o passeio e embate contra uma parede, apanhando pelo meio o casal que seguia abraçado. O filho, de 5 anos que seguia mais à frente a ver as montras, assiste a tudo e vê os pais morrer à sua frente, aconteceu ontem numa avenida da capital, por volta das nove da noite”.
...

Quando sai de casa e olha o céu cinzento e a calçada seca, tem já decidida a personagem que vai encarnar: um académico estudante de psicologia a fazer um mestrado ou doutoramento (isto ainda não decidiu) sobre constrangimentos morais em homicidas involuntários.

(agora)

Durante todo o dia e toda a noite, vai alinhar os passos a seguir para se encontrar com o homicida. Vai ser uma tese de doutoramento, vai pintar alguns cabelos de branco e escolher uma roupa “casual” mais clássica, vai ter que parecer mais velho, vai ter que ler muito, decorar e memorizar, planificar minuciosamente cada passo, cada registo seu, vai ter que pensar no imprevisível, vai mentir, enganar e falsificar. Durante todo o dia só existiu enquanto pensamento, na relação com os outros ligou o botão “autómato”, colegas e clientes viram e ouviram apenas o invólucro de um ser pensante a uma velocidade de 200kmh.
Saiu do banco e foi ao hipermercado com uma lista de coisas que tinha apontado à hora de almoço. Fez o jantar, jantou, sentou-se no sofá e ligou a televisão (sem som). Deixou a gata deitar-se no seu colo, e usou o comando para activar o cd do hi-fi, schubert com “a morte e a donzela" e as “trutas”. Na mesa de apoio um bloco de notas cheio de gatafunhos com uma caneta em cima. Faz festas à gata até acabar por adormecer na lentidão dos pensamentos que se vão esgotando na lentidão do afastamento…

São quatro da tarde do dia seguinte e está em casa de roupão, a gata deita-se no cantinho de sol que atravessa a janela em direcção ao soalho de madeira da sala. Em cima da mesa e espalhados pelos sofás, papeis, papeis e mais papéis. Documentos oficiais (originais) da universidade, das finanças, da segurança social, da junta de freguesia e do hospital (vai precisar de um atestado quando tiver que meter baixa para ir uns dias à capital), páginas impressas da internet com referências a literatura - mais e menos científica - sobre psicologia clínica, estudos sobre “moralidade” (de filosofia, sociologia, teologia, …) e estudos sobre comportamentos homicidas involuntários (ante e pós o acidente). Num canto da mesa, destacado da papelada toda, um conjunto interessante de instrumentos perfeitamente alinhados: um x-acto, um tubo de cola tipo “batom”, uma régua de 25cm, uma tesoura, uma esferográfica azul (bic normal) e várias fotografias suas - tipo passe - ligeiramente modificadas no photoshop. Hoje é sexta mas usou um dia de férias que teve que ter de emergência porque “morreu uma tia muito querida lá no fundão…”. Foi a primeira falta em 14 meses.
Contacta as rádios, jornais e televisões que acompanharam o caso e pede os arquivos relativos à notícia. O pretexto é a tese de doutoramento “constrangimentos morais em homicidas involuntários”. Os órgãos de comunicação acompanharam o acidente disponibilizam os arquivos mediante a sua presença pessoal devidamente acompanhada por um comprovativo passado pela universidade oficializando a sua investigação. Assim sendo e já que tem que se deslocar à capital, aproveita para contactar o estabelecimento prisional onde reside o “homicida involuntário” enquanto aguarda pela marcação do julgamento. A prisão pede algo parecido ao tal comprovativo do doutoramento mais o BI. Ele diz se apresentará brevemente mas tem ainda que rever a agenda uma vez que tem outras visitas marcadas e muita leitura para fazer. Não marca datas mas está ansioso pelo encontro com o homicida.

16.1.08

world wide web at (the new) home (?) - ainda não...

parece que é amanhã de manhã... mas nunca se sabe... a cabovisão, depois da intervenção do departamento de vendas, do departamento de atendimento ao público, o departamento (técnico) de instalação e o departamento (técnico) de rede, concluiu que, para eu ter o serviço pelo qual havia assinado o contrato (duas semanas antes), seria necessária a intervenção do departamento de construção "e isso, isso vai demorar..."
depois disto, a pt, que "costuma levar entre 8 a 15 dias úteis a fazer uma instalação", está há 16 dias úteis para alterar para uma nova morada um serviço de internet.
enfim... as grandes empresas têm destas coisas.. e nós, que somos só um número de cliente e outro número de euros, temos que nos aguentar à bronca e é se queremos...
parece que não...
sr da pt logo de manhã e a olhar para o papel:
"eles enganaram-se, tenho que ir buscar o sinal a outro lado.... em princípio só segunda-feira..."
"ai portugal portugal... um pé numa galera, outro no fundo do mar..."