22.7.11

teste,diálogo,teste


- então? o que é que achaste?
- estou confuso…
- como assim?
- não consigo estar seguro de nenhuma conclusão que possa tirar dele, não sei sequer se consigo concluir seja o que for.
- repara que ao dares-me essa resposta, estás a concluir que se trata de uma pessoa difícil de se entender. conhecendo-te como te conheço, eu próprio tiro três conclusões: ele teve essa preocupação, saiu-se bem e tu, que reparaste nisso, vais redobrar a tua atenção na próxima reunião.
- temos então quatro conclusões, mas tu tens mais, partilha.
- o olhar semicerrado que se foca no teu olhar quando quer sublinhar as palavras que te diz, diz-te que  é alguém que faz questão de deixar claras algumas das coisas que diz. enquanto falava, olhava para mim e, ocasionalmente, terminava algumas das frases a olhar para ti. ficas a saber com isto que, apesar de saber que oficialmente sou eu a decidir, sabe que a tua opinião, na dúvida, pode ser fundamental.
- :) mais!
- não perde tempo, não o usa a decorar aspectos que gravitam ao redor daquilo que considera a questão nuclear, repara que em nenhum momento a nossa conversa se desviou do assunto que o levou a procurar-nos.
- é verdade.
- também não perde tempo com aparências, veste roupa simples, sóbria,
- aquilo a que poderíamos chamar de regular.
- exactamente. mais: a barba feita hoje e os sapatos impecavelmente cuidados dizem-te que ele sabe que as primeiras impressões não têm segundas oportunidades; sabe que somos competentes no que fazemos mas não sabe se pode confiar totalmente em nós; é metódico, deixou-nos com um vasto conjunto de questões - que sabe de cor - e que eu te vi a anotar freneticamente em três páginas do teu pequeno bloco.
- é muito raro encontrarmos clientes tão exigentes.
- desafiantes meu caro, desafiantes.
- mais coisas que tenhas percebido dele.
- ah! vou-te contando pelo caminho, anda, agora temos que lhe descobrir o número de contribuinte.