uma palavra contém em si própria um manancial infindável de cenários imagináveis, imaginários e inimagináveis. peguemos, por exemplo, na palavra PEDRA. uma pedra é uma pedra, maior ou menor, mais ou menos rugosa, clara ou escura, é uma pedra, só uma pedra.
contudo…
quantas pedras não foram já sinónimo de morte? quantos não foram “justamente” apedrejados até encontrarem essa morte? quantos não foram nados em cima de pedras? e quantas pedras registam as únicas imagens que nos chegam dos primórdios da humanidade? com quantas pedras se construíram as pirâmides do egipto? quantos não sangraram até à morte em cima de todas as pedras de todos os castelos da europa medieval? quantos amores foram celebrados na companhia das pedras? e quantas pedras beberam as lágrimas de um amor que acabou? quantas pedras foram atiradas com gritos de liberdade desde a primeira intifada? quantas vezes não revolvemos em pensamento o nosso interior enquanto caminhávamos e olhávamos as pedras da calçada? quantas vezes não contámos as pedras dessa mesma calçada a caminho de casa ou d’outro sítio qualquer?
podia ficar a noite toda a falar das pedras e a noite toda não me chegaria…
se uma imagem vale por mil palavras, uma palavra há-de valer por um número incontável de imagens.
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