20.9.08

a zona de ninguém e o acaso

há momentos em que tenho a sensação que entre eu e o outro há uma zona de ninguém onde ninguém se atreve a tocar. não falo de uma zona propriamente física, é mais uma área inexpressiva que se localiza entre aquilo que achamos conhecer do outro e aquilo que realmente conhecemos (sendo o que “realmente conhecemos” igual a atitudes, gestos, movimentos, olhares, tons de voz,…., associadas a “maneiras de ser”). coisas que observamos e aprendemos a identificar no meio das infindáveis formas de expressão humana. à medida que vamos conhecendo o outro, vamos sendo capazes de fazer corresponder cada vez mais ligações entre as suas expressões e as nossas conclusões. tudo sempre devidamente assente no campo da realidade-partilhada-observável-e-comprovável. mesmo assim e por mais que julguemos conhecer o outro, há sempre aquelas zonas de ninguém onde é o acaso vai fazendo a gestão das fronteiras. estes acasos, vítimas da sua genuína espontaneidade, acabam por nos dar mais dados sobre a nossa própria fronteira do que qualquer outra coisa.  

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