19.6.08

um grito

apetece-me gritar e chorar

rebentar e explodir

romper e partir

ser um terramoto

um vulcão e um maremoto

apetece-me desaparecer

ser eu e ser nada

ser estrada sem fim

alma fora de mim

corpo invisível

como se fosse possível

ser assim


mas não, não sou

não faço e não estou

fui ali e já venho

levado p’lo sangue montanheiro

acalmado pelo coração da planície

sou só eu e já gritei

chorei e parti

rompi e explodi

aqui e assim

sem sair de mim

que sou quem mais sou

mesmo que seja assim