depois de mais de um ano preso nas estepes siberianas, o nosso viajante resolveu arriscar e pôr-se a caminho. receia a dureza da caminhada mas não se assusta, poucas coisas o assustam, pensa ele. veste a mochila e abastece-se de água. arranca sem qualquer mapa ou guia e espera confiar no sol. sabe que é primavera e sabe que o nascente está a este, se resolver viajar de noite, confiará nas estrelas.
segue para sudoeste e caminha com um sorriso nos lábios, deixou a frieza na sibéria e começa a sentir a frescura de ambientes mais temperados. caminha sem parar e vai descansando quando isso é o mais sensato que há a fazer. dorme de noite ou de dia consoante a força do sono. todos os dias pensa na visão do paraíso que alimenta a sua vontade de caminhar em frente, sonha com ele quando dorme e vê-o para onde quer que olhe, sabe que faz o que pode para o alcançar e isso preenche-o. caminha numa primavera povoada de flores, árvores, cheiros de primavera e imponentes árvores que lhe dão a sombra do descanso. aproxima-se cada vez mais de climas quentes até que lhe começam a causar uma espécie de caos interior os conflitos e turbilhões do médio oriente, não é nada com ele e não se mete, desvia as suas atenções para as montanhas rochosas despidas de neve, há muito que não via montanhas quentes e despidas de neve. os cheiros frescos da primavera começam a ser escassos, sente que se vai aproximando cada vez mais de uma brisa quente e constante que o ataca de frente, virá a descobrir que é o deserto. quando de repente o encontra (ao deserto), encara-o de frente e diz-lhe que não tem medo dele, que já não é a primeira vez que caminha num deserto, que não baixará os braços e que caminhará pelo meio dele mesmo que no meio não encontre o paraíso, o oásis que havia sonhado lá encontrar. agarra as alças da mochila com as duas mãos perto dos ombros, inclina levemente a cabeça para a frente e dá o primeiro de muitos passos decididos. vê-se agora a atravessar o deserto, as esperanças de encontrar o paraíso prometido são cada vez menos, a preparação (para o pior) que trazia consigo, impede-o de se vergar às circunstâncias. faz um pequeno desvio para norte e sente o deserto a afastar-se, regressa para sudoeste e tenta uma última procura, sente que será a última porque se lhe esgotaram as forças da esperança. durante toda uma semana, deixa de ver o paraíso, nem uma miragem, nem um sonho. é o ponto de viragem. muda novamente de rota mas desta vez sem se preocupar com o destino ou a orientação. alguns dias depois desta viragem, dá consigo parado em frente a um enorme mar, já só pode seguir em frente se embarcar. está calor sem ser em demasia e sente o aroma fresco da água a misturar-se-lhe com a transpiração que lhe ocupa a pele. o mar deixa-o intrigado, interessado, embarca e envolve-se de ondas que lhe deixam a alma a flutuar como há muito não acontecia. está bem agora o nosso caminhante.
segue para sudoeste e caminha com um sorriso nos lábios, deixou a frieza na sibéria e começa a sentir a frescura de ambientes mais temperados. caminha sem parar e vai descansando quando isso é o mais sensato que há a fazer. dorme de noite ou de dia consoante a força do sono. todos os dias pensa na visão do paraíso que alimenta a sua vontade de caminhar em frente, sonha com ele quando dorme e vê-o para onde quer que olhe, sabe que faz o que pode para o alcançar e isso preenche-o. caminha numa primavera povoada de flores, árvores, cheiros de primavera e imponentes árvores que lhe dão a sombra do descanso. aproxima-se cada vez mais de climas quentes até que lhe começam a causar uma espécie de caos interior os conflitos e turbilhões do médio oriente, não é nada com ele e não se mete, desvia as suas atenções para as montanhas rochosas despidas de neve, há muito que não via montanhas quentes e despidas de neve. os cheiros frescos da primavera começam a ser escassos, sente que se vai aproximando cada vez mais de uma brisa quente e constante que o ataca de frente, virá a descobrir que é o deserto. quando de repente o encontra (ao deserto), encara-o de frente e diz-lhe que não tem medo dele, que já não é a primeira vez que caminha num deserto, que não baixará os braços e que caminhará pelo meio dele mesmo que no meio não encontre o paraíso, o oásis que havia sonhado lá encontrar. agarra as alças da mochila com as duas mãos perto dos ombros, inclina levemente a cabeça para a frente e dá o primeiro de muitos passos decididos. vê-se agora a atravessar o deserto, as esperanças de encontrar o paraíso prometido são cada vez menos, a preparação (para o pior) que trazia consigo, impede-o de se vergar às circunstâncias. faz um pequeno desvio para norte e sente o deserto a afastar-se, regressa para sudoeste e tenta uma última procura, sente que será a última porque se lhe esgotaram as forças da esperança. durante toda uma semana, deixa de ver o paraíso, nem uma miragem, nem um sonho. é o ponto de viragem. muda novamente de rota mas desta vez sem se preocupar com o destino ou a orientação. alguns dias depois desta viragem, dá consigo parado em frente a um enorme mar, já só pode seguir em frente se embarcar. está calor sem ser em demasia e sente o aroma fresco da água a misturar-se-lhe com a transpiração que lhe ocupa a pele. o mar deixa-o intrigado, interessado, embarca e envolve-se de ondas que lhe deixam a alma a flutuar como há muito não acontecia. está bem agora o nosso caminhante.
4 comentários:
o mar...
sempre o mar...
o mar para sempre!...
A vida é isto mesmo, uma ou várias e sucessivas caminhadas e de vez em quando lá somos abençoados com um mar retemperante. Desfruta, lindo. Beijo
Que belo texto!
Apetece seguir com ele, apesar da dureza dos caminhos. Se fosse há um mês atrás tê-lo-ia feito, tal era o meu desejo de partir tb.
um abraço.
só uma pergunta: é um texto solto ou está incluído no tal projecto?
é um texto demasiado espontâneo para não ser solto. um beijo às três.
Enviar um comentário