26.9.06

cinco minutos, cinco à mesa e um encontro

o nosso personagem encontra-se sentado de frente para a porta na companhia de dois amigos, um copo de whisky e um copo fresco de água do luso em cima da mesa. ela entra acompanhada por uma amiga que caminha atrás dela. olha várias vezes em volta à procura do melhor cantinho para se sentarem as duas, mas a meio das voltas de olhares encontra um conhecido, um amigo, um colega de turma dos tempos da universidade.
o nosso personagem vê-a aproximar-se mas continua a duvidar que um dos dois amigos com quem está, lhe é comum a ela. deixa de ter dúvidas quando os vê sorrir ao mesmo tempo que se olham para se cumprimentarem e nessa altura repara que é capaz de ouvir o coração a bater caso decida escutá-lo… endireita ligeiramente a coluna e desencosta-a das costas da cadeira, põe as duas mãos em cima da mesa, olha para ela, para o whisky e para a água e fica indeciso sobre qual dos copos há-de agarrar.
ela está de pé, de lado para ele enquanto conversa com o amigo em comum no único lugar vago de uma mesa onde se sentam três. ele olha-a de frente, olha-a sem pudor e com o prazer de quem olha a beleza feminina como ela é. esquece-se do segundo amigo (que entretanto deve estar tão apreciador quanto ele) e olha-a assumidamente, obviamente e interessadamente enquanto escuta a sua voz que é calma, doce e baixa mas não demais. é uma voz que se ouve a vir desde o fundo das cordas vocais. quando a vê sorrir para o amigo e sente no sorriso a sinceridade de quem o faz naturalmente e sem artifícios, o interesse sobe na hierarquia e torna-se numa vontade.
interrompe a conversa que ela mantinha com o amigo em comum há um par de minutos, dirigindo-se ao amigo no tom brincalhão de quem acha muito pouco cavalheiresca a ausência de um convite para que a amiga se sente à mesa. é ela quem responde lá do alto de quem se encontra de pé e, apontando com olhar para a amiga que entretanto se havia sentado numa mesa nas costas do personagem, lhe diz que está com ela. ele volta o pescoço e vê a amiga sentada, sozinha à espera, volta-se novamente para ela e diz-lhe que também a amiga será bem vinda à mesa.
depois destes cinco minutos, movimentaram-se corpos, olhares, cadeiras, copos e, a mesa, que dantes tinha três, passa agora a ter cinco.

3 comentários:

MRsK disse...

é perante a leveza de um primeiro encontro que vivo agora a intensidade de belas e pequenas coisas. nesse movimento lanço um sorriso a vénus e escuto atentamente marte... naquele momento, olhando pelo seu copo de água - que afinal apenas me espelhava aquele misterioso olhar - poderia pensar que os deuses não me iriam enganar.

João disse...

todos aqueles de quem mais gosto têm um lugar neste meu pequeno mas quentinho cantinho de gelo. tu, que chegas agora e chegas depressa cá dentro, tens lugar ao meu lado neste meu cantinho para o qual te convidei, neste cantinho meu onde gosto de te ver, onde te quero e te gosto, onde me fazes feliz também na inspiração que me dás.

n disse...

Pois é... é lindo o amor!