sente-se mais um inverno a aproximar,
o vento despe a última roupa às árvores
e sopra como que a avisar:
“abriguem-se que trago a chuva no ar!”
o branco acinzentado do céu confunde-se,
confunde-se com as fachadas ao léu,
é ainda uma claridade de outono
que cobre a cidade como um véu.
as pessoas caminham de sombreiro na mão,
trazem vestígios da noite no olhar
trazem o atraso de quem apressa o caminhar
e, de olhar no chão,
denunciam a pouca vontade de trabalhar.
nesta manhã de segunda-feira
(em que se sente o inverno aí à beira),
caminha assim esta humanidade
por entre os outonos da cidade.
2 comentários:
é o deslumbramento do poeta, sem sombra de dúvida, mas tb olhar de quem não aprecia uma manhã há muito tempo. Fez-te bem. um abraço
se um poeta vê isto só com um olho aberto, imaginem com os dois...
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