moínho despido (ou base lunar?)
30.10.06
o sol de sexta deu nisto
28.10.06
as pessoas de quem gosto como se fosse um brainstorming
26.10.06
meteorologia pouco científica e à espera do sol
24.10.06
22.10.06
19.10.06
impressões
se uma imagem vale por mil palavras, será que quando traçamos a imagem de alguém que mal conhecemos, estamos em condições de dizer que temos mil palavras para esse alguém? duvido… é ponto assente que a primeira impressão tem um enorme peso nos juízos que (consciente ou inconscientemente) fazemos de alguém que acabámos de conhecer. a partir daqui e consoante a dimensão (profissional, sentimental, emocional, ocasional, …) em que passamos a enquadrar esse alguém, dedicamos mais ou menos tempo a conjecturar uma imagem, um perfil que nos garanta alguma segurança nos dados que retemos dessa pessoa. é também ponto assente que todos sabemos isto, sendo portanto perfeitamente natural que todos criemos resistências perante o contacto com um estranho. ora se assim é, se dois perfeitos estranhos se encontram exactamente no mesmo ponto de partida no conhecimento do outro, o mais certo é criarem-se imagens fictícias baseadas em suposições espontâneas que, por sua vez, se convertem em crenças infundadas ou, diria mesmo mais, em ilusões. durante este processo, há ainda o factor “sexto sentido” que, quer queiramos quer não, acaba por ter um enorme peso no interesse que o outro nos pode (ou não) despertar. este sexto sentido (de explicação difícil) é o mesmo que nos faz pensar e decidir se a primeira impressão foi boa ou foi má. no limite, acabamos sempre por fazer esta divisão estanque acreditando que raramente nos enganamos na primeira impressão que tiramos de alguém… poderemos estar certos como poderemos não estar…
17.10.06
mais chuva
16.10.06
poema matinal
o vento despe a última roupa às árvores
e sopra como que a avisar:
“abriguem-se que trago a chuva no ar!”
o branco acinzentado do céu confunde-se,
confunde-se com as fachadas ao léu,
é ainda uma claridade de outono
que cobre a cidade como um véu.
as pessoas caminham de sombreiro na mão,
trazem vestígios da noite no olhar
trazem o atraso de quem apressa o caminhar
e, de olhar no chão,
denunciam a pouca vontade de trabalhar.
nesta manhã de segunda-feira
(em que se sente o inverno aí à beira),
caminha assim esta humanidade
por entre os outonos da cidade.
15.10.06
14.10.06
ícaro
13.10.06
pequeno apontamento sobre blogs amigáveis
tudo isto é ainda muito novo para todos, toda esta exposição é ainda um pouco assustadora, é verdade… mesmo assim, continuamos a dar corda aos dedos e uso às teclas, com a sinceridade particular de quem o faz sem vícios nem enganos por entre as virtualidades do interior de cada um. é como se nos atirássemos de cabeça para dentro de nós mesmos e mergulhássemos através de um mundo onde encontramos toda a gente. no fim, acabamos por reparar que não fomos os únicos a fazê-lo e sentimo-nos em casa.
um blog é um lugar, um post é uma mensagem e um comentário é essa mensagem devolvida com um bocadinho de quem a ouviu.
12.10.06
mais pessoa...
mudo, mas não mudo muito.
a cor das flores não é a mesma ao sol
do que quando uma nuvem passa
ou quando entra a noite
e as flores são cor da sombra
mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
por isso quando pareço não concordar comigo,
reparem bem para mim:
se estava virado para a direita,
voltei-me agora para a esquerda,
mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
o mesmo sempre graças ao céu e à terra
e aos meus olhos e ouvidos atentos
e à minha clara simplicidade de alma…
deixem
deixem ver quem vê
deixem vir quem vem
deixem ter quem tem
deixem a nuvem chover
deixem o céu escurecer
deixem o sol brilhar
deixem o vento soprar
deixem o sangue lutar
deixem a pele a suar
deixem em paz o olhar
deixem-me ser assim
deixem-me ser em mim
deixem-me estar
deixem-me escrever
deixem-me ser
assim como sou
p’ra quem quiser ver
10.10.06
drago, querias poesia? pois bem, aí está!
não se inquiete e não trema, não
não pense na poesia e ria, sorria
ria de quem pensa que por ser poeta
despe a alma p’ra quem cego é
mas sorria com quem a vê como ela é
e na poesia pára, sem fé, a olha e a escuta
e a vê, a ela, à alma, como ela é
não se inquiete e não embarque nessa luta
não queira ver com os olhos do poeta
e tente ter como suas as palavras que lê
como quem escreve como ama e é poeta
como quem ama como escreve e é amante
e como se tudo isso não fosse o bastante
p’ra na poesia se confessar a quem a lê.
9.10.06
escolhas
o problema das escolhas é o de corrermos o risco de fazermos a errada e acabarmos por cair no poço do arrependimento, contudo, será mais fundo o poço de quem (confrontado com escolhas) opta por fazer a mais passiva de todas e escolhe nada fazer, permanecendo passivo à espera que seja a vida a decidir por si... quando assim é, é a vida que vive as pessoas e não o contrário...
não é minha intenção tornar estas palavras num discurso moralista, não me sinto legitimado a fazê-lo... estas palavras tornaram-se-me necessárias após uma pequena conversa com uma amiga, uma conversa a propósito da vida, das escolhas, da coragem e da cobardia, da inércia e da iniciativa... estas são as palavras de quem, por vezes, se sente desapontado com quem se deixa levar pela vida carregando-a entre o medo de arriscar e a vontade de ser feliz.
6.10.06
interrogações entre o lusco e o fusco, entre quem as escreve e quem as lê
o que se vê nem sempre é o que se exibe.
o que se sente foge-nos aos sentidos mas vive...
no fim e afinal, resta-nos o quê?
que se viva com os enganos dos sentidos?
com os sentimentos exibidos ou contidos?
com as certezas assumidas ou escondidas?
no fim e afinal, vive-se onde?
nas grades d'almas aprisionadas?
no medo de gestos no escuro?
no receio de sorrisos iluminados?
na verdade em cada lado do muro?
no fim e afinal, vive-se de quê?
vive-se d'alegria de espíritos libertados?
da liberdade de sentidos alegrados?
da candura de olhares embasbascados?
sei o que digo mas digo mais,
sei que se vive do calor do sol,
sei que se vive da melancolia da lua,
sei que há vida na alma que é minha
e que ela vive um pouco na tua.
5.10.06
pensamento
bernardo soares,
ajudante de guarda-livros na cidade de lisboa
e heterónimo de fernando pessoa