28.12.09
""chove" mais qq coisinha aqui no ice
27.11.09
o sustentável peso da roupa suja
quatro dimensões da mesma realidade
19.11.09
16.11.09
tubarão cirurgião faz cesariana de emergência à esposa e salva toda a gente
depeche mode de sábado à noite
6.11.09
and now for something completely personal and unnecessary:
29.10.09
quando os homens são homens
antónio lobo antunes para mário crespo há pouco no jornal das nove.
quando o hábito não faz o monge
27.10.09
21.10.09
pedantismo bacoco
9.10.09
7.10.09
3.10.09
enquanto a telepatia não estiver disponível, esta é a foma mais simples de todas:
24.9.09
a dificuldade do equílibrio num crescimento harmonioso
conheço-a faz dia 13 de Novembro 14 anos. é diferente hoje. sem dúvida. 14 anos – ainda que ínfimos na sua história - permitiram-me assistir a uma série de mudanças, pequenas mudanças. na verdade, considero que em 14 anos e apesar dessas mudanças, cresceu pouco. Parece que vive fechada numa espécie de ideia colectiva-cagona-reclamativa-pasmacenta intramuros. se houver alguém a querer sair deste registo, o processo vai ser longo e cansativo. se houver alguém a querer ser pró-activo, tem que estar preparado para enfrentar as dificuldades das mentalidades difíceis e acomodadas à segurança do que é regular. parece assim às vezes uma mentalidade enrijecida pelas pedras da muralha e queimada pelo sol da planície. às vezes cansada de si própria e apropriada pela rotina diária da vida sem surpresas, sem novidade. vejo-a assim às vezes, à cidade.
20.9.09
nunca é demais lembrar que
19.9.09
12.9.09
há uns dias a gasosa convidou e o icebergue aceitou
Um azar do caralh*!
10 de Outubro de 2010. O PSD governa o país coligado com o CDS. Manuela governa com pulso de ferro e há quem já lhe chame a Margaret Thatcher portuguesa. Pacheco Pereira é a sombra de Manuela e rivaliza com Paulo Portas pela atenção da madame, é uma guerra do tipo O Intelectual vs O Popular. Cavaco ainda é o Presidente de todos os portugueses e passa longas horas na sala de chá de S. Bento, na companhia de Manuela. Respeitosamente amicíssimos, estes dois. As coisas parecem estar a correr bem, nas ruas há sinais de rejuvenescimento e a crise parece estar, de facto, a passar. Há menos desemprego do que há um ano e o Benfica começa a época 09/10 em primeiro e com o título de campeão nos ombros. O povo anda calmo.
Privatiza-se a Segurança Social e uma boa parte da saúde. Nasce uma elite estudantil após a contratação dos melhores professores universitários (os que têm mais publicações e em maior número de línguas) pelas - agora prestigiadas - universidades privadas. Aos tribunais ainda não dá para privatizar porque fazem parte de um órgão soberano do Estado. Nos – cada vez menos - edifícios públicos, é obrigatória a bandeira da República Portuguesa hasteada no mastro. O crucifixo, esquecido durante as últimas décadas em muitas escolas, vai rebuscar o simbolismo das décadas do estado novo: Identificação, submissão e união. Há muita gente que gosta do país assim: ordeiro, sério, rígido e cinzento. Se até há pouco tempo havia alguém que não acreditasse na diferença entre a esquerda e a direita, hoje já não tem dúvidas: o país anda às direitas. É assim que o país acorda a 10 de Outubro de 2010.
10 de Outubro, 9.37 da manhã. Manuela e Pacheco, no banco de trás do novo Mercedes conduzido pelo Sr. Alcides, são de repente abalroados por um camião TIR sem travões, carregado de areia e a caminho das obras do Terreiro do Paço. Morte instantânea pó Pacheco e já na mesa de operações pá Manela. O Sr. Alcides safou-se, graças a Deus!
Portas, que sabe da notícia às 10.17, sai da pastelaria a correr deixando para trás o chá verde e o bolinho sem açúcar e, como se todo o mundo acabasse de ruir mas ao mesmo tempo Deus tivesse criado uma manobra para fazer dele o eleito, atravessa a estrada ao encontro do carro estacionado pelo Artur, o seu motorista. Vai a meio da estrada quando se maravilha com a ideia das infinitas hipóteses que lhe proporcionaria o desaparecimento repentino dos dois colegas de governo, pára de repente, de cabeça no ar mas a olhar para dentro e não repara que o taxista apressado que ali vinha não conta com tão repentina paragem a meio da estrada. A caminho do Hospital, tem a cabeça nas mãos de uma mulher bombeiro quando diz o último adeus.
11.24 da manhã. O presidente manda fechar o espaço aéreo de S. Bento, manda chamar um grupo de forças especiais para o palácio e convoca os seus generais. Sofre um ataque cardíaco no momento em que pensa “e agora?”. Morre em menos de um minuto.
O pior disto tudo podia ser a dor das pessoas que gostavam destas quatro pessoas… mas o que acontece a seguir é bem pior.
Às 13.02, os chefes do Estado Maior do Exército, da Marinha e da Força Aérea – e os seus generais - aproveitando a reunião e dadas as circunstâncias, resolvem concordar unanimemente em tomar conta do país. Fazem ler um comunicado em todos os canais de comunicação a justificar a “tomada do poder pelos militares de forma a garantir a ordem no país até à restauração […] legitimada pelo povo […] e garantir que a súbita precariedade da República não tomba em cima da cabeça de todos os portugueses”.
Nas televisões, nas rádios e na internet, parece que estamos a assistir a episódios em directo de um golpe de estado num qualquer país latino. As duas primeiras ordens são a hora do recolher obrigatório e os militares transferidos – com toda a sua logística - das bases para as grandes cidades.
Às 22.25 está o caos instalado na cabeça dos portugueses. A ansiedade, o medo e a incerteza tomam conta daquela noite de quinta-feira, 10 de Outubro de 2010.
Quem não respeitou o recolher obrigatório já foi preso. Os meios de comunicação já estão sob a “coordenação e supervisão editorial” dos militares. A PSP e a GNR passam a receber ordens directas do Chefe de Estado Maior do Exército. Na prática, é este senhor e os outros dois maiores das Forças Armadas que governam o país há mais de dois meses.
O país vive sufocado e não vai aguentar a entrada num novo ano sob o jugo das armas. Os serviços de Internet estão “filtrados de forma a não influenciarem negativamente (especialmente os jovens) o pacífico decorrer deste período transitório” e as televisões e rádios emitem só o que interessa a quem tem as armas. O Natal de 2010 foi o dia mais sombrio de um povo, de uma existência colectiva sentida e vivida como nunca na memória de todos. É Natal e não há perspectivas de eleições, os partidos tentam contactos com o exterior (muitos dos seus militantes optaram por se auto-exilar para países das Américas central e do sul, nestes países estamos no verão…). A união europeia não sabe o que fazer e nem sequer tem meios para actuar, é a típica “resolução pacífica” que não anda nem desanda. Nas esferas da NATO e da ONU é que se discute realmente o que fazer e como o fazer. O povo é que já não aguenta mais e sente que não há mais nada a fazer a não ser fazer qualquer coisa. São mais de 10 milhões abandonados à sua sorte num espaço entre a Espanha e o mar. Para um povo que viveu séculos à sombra das memórias dos descobrimentos, esta é uma condição digna de um grandioso fado.
Às 23.13 de 31 de Dezembro de 2010 é escrita e enviada a primeira SMS: “Ás 08.00 de amanhã na praça principal da tua cidade, vila ou aldeia. Arrancar às 09.00 em direcção a Lisboa, a pé. Mochilas com mantimentos e agasalhos. Quem não puder ou não quiser, não vem. Os últimos a chegar avisam. É no Terreiro do Paço.” A SMS espalha-se a uma velocidade alucinante, os de Lisboa são os primeiros a chegar, vão para o Terreiro logo que começam a receber a SMS. São 8 da manhã do dia seguinte e nas outras grandes cidades os militares já estão estacionados nas principais praças, frente a frente com o povo. Uns com armas de fogo e semblantes sérios, os outros de mochila às costas, mãos dadas ao do lado e de rosto apreensivo.
08.12 de 1 Janeiro de 2011, é o minuto da revolução. As ordens são as de ”…evitar que a população civil inicie a marcha não autorizada. Disparar primeiro para o ar de forma a avisar os que se atreverem a desrespeitar a ordem.” Esta é a ordem que recebe cada um dos militares mas o que está na cabeça de cada um deles é isto: “disparar primeiro para o ar”???
O mundo inteiro está suspenso e de olhos postos neste minuto, há câmaras ocultas a transmitir em directo para satélites estrangeiros, o mundo inteiro está parado nestes rostos, nesta tensão massificada que pode descambar no episódio mais sanguinário da história de um povo. Ouvem-se gritos “o povo unido jamais será vencido!” e, quando já todos gritam, começam a andar. Ouvem-se os “primeiros” tiros para o ar, a multidão pára durante 3 eternos segundos mas reinicia a marcha, muitos fazem-no de olhos fechados. Um dos capitães presentes numa destas cidades interrompe o silêncio depois dos “primeiros” tiros, saca da sua pistola de punho, ergue o braço e dispara em direcção às nuvens: “este foi o segundo tiro e foi dado em nome da submissão do exército à vontade do seu povo.” O gesto é difundido pelos rádios militares e replicado por todo o país. O povo caminha em direcção a Lisboa escoltado pelo seu exército. Quase 37 anos depois, faz-se outra revolução neste país.
9.9.09
27.7.09
sem título, princípio, meio ou fim...
Decidiu agarrar em si e sair do hotel. Levantou-se, sentou-se na cama e apagou o cigarro no cinzeiro tirado da gaveta da mesinha de cabeceira. Apagou o cigarro com a convicção de quem se certificou que a bandeira está bem agarrada ao chão. Levantou-se, agarrou no tabaco, na carteira e nas chaves, espalhou-os pelos bolsos do casaco que entretanto tirou das costas da cadeira e vestiu-o em frente ao espelho enquanto fazia as pazes consigo próprio por não fazer a barba há uma semana. Apagou a luz e puxou a porta que se fez ouvir fechar depois de ele já ter dado dois passos no corredor. Percorreu o corredor abusado pelo odor de um qualquer perfume nitidamente feminino e desceu os 4 lances de escadas como que a trote, brincando com os ritmos do som de cada passo em cada escada. Como se corresse por cima das teclas de um piano em busca do som mais grave possível, porque os sons mais graves são mais envolventes, menos afiados.
Saiu do prédio satisfeito por não se ter cruzado com nenhum olhar estranho e virou imediatamente à esquerda enquanto se lembrou que não tinha decidido nenhum destino para aquela saída repentina. Entrar no próximo café com mesas e cadeiras de madeira. É este o objectivo. Sofás e poltronas podia já ser pedir demais… dedicou o tempo que decorreu e as ruas que percorreu até ao b club a lembrar-se do paladar de todas as bebidas que já tivera a oportunidade de provar. Ia na guinness quando começou a ouvir um piano balanceado por um swing vindo de algures à frente e à esquerda. Virou na seguinte à esquerda, acelerou o passo até se ver parado em frente a um vidro quase completamente opaco e castanho. Era dali que vinha o piano. Vinha também um contrabaixo e uma bateria. Sons repetidos e recomeçados com umas vozes pelo meio. Deviam estar a ensaiar. B club era o nome. Tocou à campainha duas vezes e a música parou. Cinco segundos de silêncio e alguém abriu a porta:
– Boa tarde! Ainda estamos fechados, os músicos estão a ensaiar mas só abrimos às dezoito…
Entretanto ele já reparou no selo azul dos fumadores. Não faz a mínima ideia das horas que são e só quer que aquele senhor de aspecto vivido e simpático o deixe entrar.
– Boa tarde! Falta muito para a hora de abrir? Não sei que horas são e este é o primeiro sítio nesta cidade onde me apetece realmente entrar…
- Faltam exactamente 17 minutos para abrirmos mas vou deixá-lo entrar porque estamos todos bem dispostos, mas não diga nada a ninguém – diz o ar vivido com um sorriso imperceptível no canto dos lábios – sente-se onde quiser, o que quer beber?
– Muito obrigado! - Responde ele com aquele ar de quem quer deixar claro que diz aquilo não por cortesia mas o faz sinceramente, – tem guiness?
– Não…
- Sagres?
– Preta ou branca?
- Branca.
Pára no canto do balcão, vê três homens a olharem para si do canto oposto da modesta sala e inclina levemente a cabeça na sua direcção num sinal misto de cumprimento e pedido de desculpa pela interrupção do ensaio. Os três homens retribuem o gesto e regressam à música. Aparece a sagres, um copo e uma base em cima do balcão. O anfitrião faz acompanhar isto por um “esteja à vontade”. Ele agarra só na garrafa e na base e, embora já saiba onde se vai instalar, demora-se educadamente a contemplar a modesta mas acolhedora sala. O anfitrião já está concentrado numa mesa de som cheia de botões e à qual estão ligados vários cabos. Os músicos já tocam e ele já pode regressar a si.
A sala está cheia de tons castanhos e brancos envelhecidos. Nada berrante, nada a mais, nada a menos, muitos cartazes, alguns ícones e clichés e muita madeira bem tratada. Vai para o canto que faz triângulo com o bar e o pequeno palco (e que não é o canto da casa de banho), senta-se no sofá de 3 ou 4 lugares, pousa a base, limpa o gargalo da sagres com a membrana que une o polegar ao indicador e bebe 3 goles de rajada enquanto ouve o piano, o contrabaixo e a bateria, a soar frenética e alternadamente por toda a sala.
Imediatamente depois de ter pousado a garrafa e se ter recostado o sofá, soube, sem dúvidas, quem era.
21.7.09
hoje outra vez...
20.7.09
apeteceu-me criar qualquer coisa... o espírito tava páqui virado...
poluição invisível
sedimentos negros e secos de verniz petrificado
ilusões peneirentas inversamente ajustadas
amálgamas poluidoras de cultura pop blop flop
camadas sobrepostas de veludo vermelho, sintético
lixo sensorial defecado p´la ambição do alter-ego
verborreias ditadas, imitadas da cópia original
odores putrefactos a fingimentos intelectuais
entorpecimentos convenientes das cousas factuais
prostituição regulada da beleza ensimesmada
vassalagem concordante com a demagogia vigente
ignorância barroca de aspecto pós-moderno
17.7.09
fez hoje quarenta anos
hoje, 16 de julho de 2009. fez exactamente 40 anos.
os dinossauros, que por cá andaram 150 milhões de anos, ou se extinguiram ou evoluíram e se tornaram aves.
nós, os humanos que cá andamos há cerca de 200 mil (diz-se que despertámos pá vida em áfrica mas que entretanto nos esquecemos), conseguimos – fez hoje quarenta anos – saltar e aterrar na lua. há milhões de anos que se olha para a lua mas fez hoje quarenta anos que este ser terráqueo de vida curta assentou os pés nessa intemporal imagem.
se nos lembrássemos disto mais vezes, tenho a certeza, seríamos seres ainda mais ricos, menos dados a pobrezas espirituais, mais impermeáveis a prazeres imediatos e sádicos, menos agarrados à pequenez das coisas. tenho a certeza que se nos conseguíssemos lembrar mais vezes do inclassificável feito que tem sido a passagem humana pela história do universo, seríamos ainda melhores seres humanos.
há pequenos acontecimentos nas nossas vidas, coisas de minutos, de segundos até, pequenos momentos no tempo que nos marcam uma vida inteira: encontros, desencontros, despedidas, tristezas, alegrias, amor, ódio, desilusão, ilusão, pequenos momentos recheados de emoções que nos fazem ser alguém diferente, um ser único. viagens à lua e dinossauros são temas que pouco mais fazem do que alimentar o imaginário de cada um. mesmo que hoje faça quarenta anos que tenhamos assentado os pés no chão da lua e que saibamos quem e como vivia quem viveu há 200 milhões de anos na terra, mesmo que assim seja, preferimos às vezes (vi)ver coisas “razoavelmente” mais pequenas.
o próximo passo é arranjar maneira de ter água na lua, depois da água já pode haver uma reserva de combustível e uma loja 24. entretanto e com esta paragem pela lua para recarregar baterias, conseguimos chegar a marte. a distância que encurtamos no universo é insignificante mas o feito em si é gigantesco.
entretanto continuará a haver guerras, mortes, fomes e epidemias até ao dia em que todos, mas todos, conseguimos olhar para cima.
30.6.09
qual camus qual quê
28.6.09
citador de serviço
Assim, quando ele se calou, o primeiro pensamento de K. foi que o outro acabara de falar para lhe dar a possibilidade de admitir que era incapaz de o escutar.
Kafka, o processo, p.121
Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece.
Kafka do citador
23.6.09
31.5.09
memento
está só. à janela. confortavelmente sentado a beber e a fumar às escuras enquanto pensa na vida e é egoísta. olha a parede do edifício em frente e observa o pombo metido na sua vida, também só, a dormir na calha da janela.
é de noite e o mundo social fervilha espalhado por todo o edifício, especialmente no terraço. ouve o burburinho longínquo interrompido aqui e além por uma gargalhada embrulhada numa bebida. vê-se às escuras naquela pequena sala desaparecida do resto do edifício, aquela sala que tão bem lhe conhece o íntimo. vê o lume do cigarro reflectido no vidro da janela aberta enquanto pensa que não lhe fazia mal nenhum ser mais disciplinado com o tabaco.
este pensamento é imediatamente afastado por um impulso que o faz levantar da cadeira e inclinar-se sobre a janela. levanta-se, pousa a mão direita ao lado do whisky e a esquerda perto da água. tem que ter cuidado porque faz isto enquanto fuma e o álcool lhe desfoca os movimentos. inclina-se um pouco e olha a rua de cima. vê uma passada solitária ofuscada por um ligeiro casaco branco e fica a olhar cada passo ausente, de mãos nos bolsos, rua abaixo até desaparecer.
as emoções tomam conta do momento e obrigam-no a lembra-se do mal que podem fazer à vida as emoções que despoticamente anulam qualquer réstia de bom senso que possamos achar ter. fica triste e a pensar no comportamento humano dominado pela emoção enquanto o bom senso fica aprisionado numa qualquer realidade metafísica. tudo o que veio a seguir é demasiado complexo para poder ser posto em palavras tão de repente como esta história foi contada.
28.5.09
ele há grandes umbigos! (conversas de barrigas)
O meu umbigo é maior do que o teu!
O tamanho do meu umbigo diz pouco de mim… pouco me interessa se é maior ou menor do que o teu.
Tá bem mas um umbigo maior vê-se melhor, vê-se de longe!
Um umbigo maior ocupa mais espaço e torna-te numa barriga menor.
27.5.09
4.5.09
a citação de hoje também fica aqui e em português
3.5.09
a tristeza da semana
1.5.09
focus
já que somos seres sociais mais do que as formigas, já que somos capazes de pensar enquanto apreciamos a ordem das coisas, enquanto contribuímos com trabalho para uma eficaz e produtiva ordem das coisas, já que assim é (e mesmo que quiséssemos não nos conseguiríamos ver livres daquele que segura na mão, na folha da navalha, o reflexo do sol que nos atinge em cheio nos olhos e que nos dá vontade de o matar). já que não somos deuses capazes de criar o nosso mundo perfeito pessoal, então - digo eu a tentar lembrar-me de não me esquecer – focus! é preciso reflectir, discutir e determinar o que é realmente importante! seja a dois, a quatro, a seis, seiscentos ou a seis mil, interessa não perder da perspectiva o focus.
para nos conseguirmos focar naquilo que consideramos importante, é fundamental que não percamos o norte, que não nos alienemos, que saibamos sentir com o coração e pensar com a cabeça e não o contrário. saibamos afirmar-nos, sim, saibamo-lo fazer discutindo o eu e o tu, o nós e o vós. saibamos ouvir mas façamo-lo com os ouvidos de quem escuta e não com os ouvidos de que tem que o ouvir. se não for assim, não vale a pena ouvirmos.
é claro que as coisas não são assim tão simples. não o são exactamente porque pensamos, porque às vezes não queremos ou não conseguimos parar de pensar. às vezes também não dizemos exactamente o que pensamos ou então dizemos as coisas sem pensar. há ainda aquelas vezes em que não sabemos dizer o que pensamos ou, se sabemos, somos mal entendidos. depois, claro, no meio disto tudo as nossas emoções, aquilo que julgamos ser o nosso coração, a nossa alma, o nosso querer, a nossa vontade, o nosso pessoal mundo perfeito.
no meio disto tudo pode ser difícil haver focus, pode, mas temos no meio disto tudo a razão de tudo isto. às vezes não precisamos de a procurar porque ela está lá, sempre esteve. não temos que fazer de tudo uma busca epopeica em nome de um ideal, em nome de um ideal social - como diz o outro - e de um ideal pessoal - como dizemos nós.
23.4.09
no futuro - alternate take
no futuro, a telepatia será uma ciência universalmente reconhecida. no futuro não haverá qualquer guerra em nome de deuses, de terras ou d’outra coisa qualquer. ninguém morrerá à fome e toda a gente terá um telhado para se abrigar. no futuro, o planeta terra será apenas o primeiro, o originário e o original da espécie. no futuro, o inglês será a língua universal e a primeira a ser aprendida na escola. no futuro, as nações unidas terão o poder pleno e supremo sobre a humanidade e os governantes serão os seus maiores filantropos e altruístas. o ser humano perderá os pêlos, os dentes e os dedos dos pés. a cor da pele será a mesma para todos: qualquer coisa acastanhada entre o preto e o branco. no futuro, o valor do dinheiro será substituído pela consciência e não saberemos o que significa a liberdade porque não haverá prisões. no futuro, o desafio não será evitar que as espécies animais se extingam mas saber quantas delas há muito extintas conseguimos trazer de volta. o futuro mostrará que estou certo… e errado.
15.4.09
32
9.4.09
palcos
a partir do cliché shakespeariano sobre a vida e o palco e os actores que somos no palco da vida, obrigam-me o pensamento e a última hora de experiência de vida, a perder cinco ou dez minutos tecendo uma ou duas considerações de cariz pessoal-conservador-tipo-velho-do-restelo para dizer que não são só os actores (que frequentam cursos de ensino superior para o serem – actores – entenda-se), os políticos (que, fazendo-o ou não, o são), os juízes, os jornalistas e os padres, fãs dos palcos da vida. não, não são só estes os frequentadores assíduos e por direito dos palcos da humanidade. há-os por aí, humanos comuns sem qualquer formação em encarnação de personagens ou frequência regular de palcos, que são, por diversas razões, actores por inerência das circunstâncias (especialmente quando as circunstâncias giram em roda do próprio umbigo).
aqueles que se dão ao trabalho de partilhar gratuitamente uma qualquer matéria, um qualquer assunto, uma qualquer tese, teoria, explicação ou noção semelhante, têm, por direito próprio, lugar de destaque na sociedade do momento. a vontade, o poder, o trabalho e a exposição características de quem frequenta ou gosta de frequentar palcos, deviam ser, por si só, sinónimos de seriedade. não digo de qualidade que isso é relativo, mas de seriedade.
acontece que se perdeu – não se sabe onde nem quando -, nos momentos de palco, um certo sentido de responsabilidade. como se de repente estar num palco fosse sinónimo de passadeira vermelha em noite de óscar e ao actores, sedentos de atenção, encarassem a responsabilidade de quem está um degrau acima dos demais, como uma responsabilidade perante as luzes, as câmaras, os flashes e os comentários. quando estes actores perdem o tempo, os pensamentos, as palavras, os gestos e os olhares em tão materiais objectos, objectivos e objectivas, o palco, esse lugar acima do nível dos comuns mortais, perde de imediato quase toda a dignidade que o caracterizava aos olhos de quem sempre o viu como lugar – mais do que de destaque – de uma responsabilidade acrescida e assente na superioridade do nível do chão.
27.3.09
21.3.09
12.3.09
the simpsons - uma modesta homenagem
11.3.09
10.3.09
como se não bastasse... mais magalhães!
o magalhães foi a estrela de um show off partidário/governamental que serviu mais para desacreditar o produto do que para qualquer outra coisa. o magalhães tem sido um dos acessórios de recurso dos meios de comunicação para suprir a ausência de coisas importantes a comunicar. o magalhães tem sido vítima da sua própria popularidade, acessório de saloios carnavalescos, cruzada de juiz(o)es morais, recipiente de tinta e gastador de papel, o magalhães leva com tudo de todos. a última é um software instalado na “caixa mágica” (software livre baseado em linux) traduzido por um emigrante com a 4ª classe (a liberdade do software também paga o seu preço). o que é que andaram a fazer as gentes do ministério da educação, dos planos tecnológicos e das direcções regionais? não houve um único profissional com “disponibilidade” para passar a pente fino cada um dos softwares? parece que não…
mas
o magalhães é um produto totalmente made in portugal. melhor do que isso, é o primeiro sinal do séc. XXI a entrar em muitos lares. é a escola a acompanhar o ritmo da sociedade (deveria ser ao contrário? talvez… é a história do ovo e da galinha…). o magalhães é um computador pessoal (ao nível de outros ultra-portáteis do mercado) que não faz distinção entre classes ou estatutos. é para todos, basta que andem na escola.
no fim
é vê-los a todos a verem-me chegar, a olharem-me de olhos arregalados à espera que eu diga que podem abrir o computador e entrar no windows (que em português quer dizer “janelas”, porque cada caixa que abrimos é uma janela que nos mostra coisas do tamanho do mundo). o dia em que todos os professores entenderem o potencial de aprendizagem por detrás destes olhares, é o dia
5.3.09
retórica vs dialéctica
s. f., |
s. f., |
4.3.09
hoje, a citação do dia fica aqui
15.2.09
apontamento sobre os lados positivos de duas tragédias
7.2.09
5.2.09
a propósito de princípios
gosto de princípios.
gosto de os ter e de os reconhecer quando os vejo.
gosto da solidez com que sustentam essa coisa vaga chamada personalidade.
gosto deles edificantes sem que sejam estanques.
gosto de saber que os princípios me acompanham pacificamente nesta aventura que se chama crescimento.
camaradas na adaptação (biológica, social, pessoal ou outra qualquer), os princípios são como que faróis em dias de nevoeiro ou cordas penduradas no abismo.
mesmo assim…
gosto ainda mais de saber que são eles que me pertencem, não o contrário.
gosto que não me digam quem sou nem como devo ser.
gosto de ser eu a gerir esta relação interior em função daquilo que considero justo, correcto, ou qualquer outro valor do mesmo calibre.
(por pensar como penso, não significa que não haja desequilíbrios de poder de quando em quando… às vezes saio a perder e outras vezes sou coisas que andam longe do justo ou correcto).
29.1.09
william burroughs - the discipline of DE (do easy) by gus van sant (ou "a disciplina da calma" se me tivessem pago para traduzir o título)
"Do Easy é uma maneira de fazer. É uma maneira de fazer tudo o que fazes. Do Easy significa simplesmente fazer o que quer que faças da maneira mais fácil e relaxada que conseguires, que é também a maneira mais rápida e eficiente, como vais descobrir à medida que fores avançado na Do Easy." Assim começa o conto, que é uma espécie de filosofia de vida, que se "aplica a todas as operações processadas dentro do corpo... Ondas cerebrais, digestão, pressão arterial e batimentos cardíacos...", diz Burroughs.
27.1.09
é uma pena que pequenas razões de feitio se tornem no maior entrave à concretização de grandes feitos
22.1.09
outra vez sobre o poder...
mas são mais as vezes em que homens precisam do poder.
o poder não corrompe, os homens é que são corruptíveis.
poder, é poder fazer, não poder ser.
ao trabalho, o poder acrescenta uma elevada dose de reflexão.
quem tem o poder, devia olhar mais longe do que quem o não tem.
que tem o poder, é maior no exemplo que dá.
ter o poder, é ter menos espaço para o erro.
14.1.09
merdices
as guerras matam
a fome também
até as estradas
o fazem bem
o poder corrompe
o dinheiro governa
e a mentira alterna
com a útil verdade
o medo intimida
o receio prende
e a dúvida decide
a vida por nós
usam-se máscaras
e fazem-se truques
treina-se a astúcia
no circo dos dias
cultiva-se o ego
em nome da treta
porque dá trabalho
vermos quem somos
acusamos, julgamos
criticamos e culpamos
fazemo-lo com a ligeireza
que só é digna dos deuses