7.6.06

história amorosa em poucas palavras

aos 10 anos tive a primeira namorada. tocávamo-nos por momentos com a ponta dos dedos… namorávamos ao longe e só os dois é que sabíamos (ela tinha muitos irmãos mais velhos que afastavam qualquer tentativa de qualquer um que se tentasse aproximar). a única coisa que tínhamos, os sorrisos e os olhares cúmplices, acabaram quando ela foi para o porto.

aos 15 fico fascinado pela mulher mais liberal da turma, namorámos uma semana até às férias do verão… separámo-nos e só nos encontrámos 10 anos depois para fazermos o que na altura não tínhamos tido a oportunidade de fazer, fizemo-lo e ela foi embora.

aos 19, já na universidade, bato com a cabeça nas paredes quando dou por mim apaixonado pela primeira vez, “agora sim, a paixão é isto!” – digo eu -. passo dias a pensar nela, ando nas ruas à espera de a encontrar, aproximo-me mas ela tá noutra… deixo de ser eu e passo a ser aquilo que acho que ela quer que eu seja. passa quase um ano até que a paixão passe.

aos 20 e depois da ressaca dos 19, encontro uma mulher muito querida, simpática, divertida mas frígida (seja lá o que isso for)… obriga-me a ir ao psicólogo da universidade porque – diz ela – “o teu apetite sexual não é normal, isso só pode ser doença”… vou ao psicólogo e explico-lhe a situação. ele aconselha-me e mudar de “bicicleta” e sugere-me uma amiga dele que teria o maior prazer em me conhecer (fico tentado mas dispenso). obriga-me depois a dizer-lhe que a amo porque se não o disser “acabamos!”… digo-lhe que a amo (a pensar na noite de sexo que iria ter!) e pouco tempo depois abandono-a.

aos 21 encontro uma mulher que é exactamente o oposto à última. lindo!!! tive a prova que afinal há mulheres ainda mais “doentes” do que eu. a coisa durou dois anos, eu fui mudando de vida, fui crescendo, ela não… os beijos deixaram de ter paladar e cada um seguiu a sua vida.

aos 23 encontro a que mais tempo tive. foi ela quem me seduziu, deixei-me seduzir e a coisa durou 6 anos. depois de três anos, fomos viver juntos e a relação começou lentamente a entrar em declínio até à saturação. 2 anos antes deste fim aparece a única mulher que me fez (por momentos) pôr tudo em causa. não ligo e deixo-me ficar no comodismo da relação garantida.

aos 29 dou comigo apaixonado pela segunda vez, dez anos depois da primeira paixão... é a mesma mulher que dois anos antes me havia feito parar para pensar… e decidir continuar com aquela de quem gostava na altura. mas ela agora gosta de outro (estava-se mesmo a ver) … agora é isto outra vez: cabeçadas na parede.

talvez daqui a dez anos me volte a apaixonar, talvez a paixão fique mal aos homens, talvez não seja exactamente isso que elas querem que os homens sintam, sei lá… é como diz ou outro: “só sei que nada sei”.

uma coisa é certa (e é a mais triste de todas): nunca disse “amo-te!”

3 comentários:

n disse...

Pois é amigo, quem me dera a mim poder ensinar-te alguma coisa neste campo, não fosse eu sentir-me completamente incompetente neste domínio.
A difernça entre nós é apenas de tempo, porque quanto à história não é muito diferente a minha.
Uma paixão há 20 anos que acabou num casamento de 18. Acabou de forma pouco habitual: saí de casa depois de uma conversa de 6h, eu saí a chorar e ele ficou a chorar.
Nunca percebi nada, desisti e esqueci. Arrumei.
Outra paixão dois anos depois, e esta custa a passar. Tal como tu apetece-me, às vezes bater com a cabeça nas paredes e chamo-me nomes, montes de vezes.
Não escolhemos de quem gostamos, não desligamos o botão quando queremos.
Mas o que posso dizer-te é que a paixão não fica mal aos homens e o não dizer amo-te não quer dizer nada. Quantas vezes tive vontade de o dizer e não fui capaz.
Não tens defeito, não penses. Será que ela gosta do outro? Não acredito. Segue o meu conselho,,,,

Anónimo disse...

Nunca me contaste isso do psicólogo da universidade, exijo uma explicação!
(não tem que ser aqui, claro!)
Como é que eu nunca soube disso?
Também não sabia do "balançar" dois anos antes...
Achavas que eu ia dar com a língua nos dentes???

Fico contente por estares apaixonado! A paixão faz-nos bem, alegra-nos, faz circular o sangue! Força, estou contigo! (para não dizer avante, camarada, que podia ser mal interpretado...)

João disse...

minha querida gata, a história do psicólogo sempre me deixou um pouco envergonhado de tão rídicula que é...

a história do "balançar" sempre foi demasiado íntima... além de mim, sabia aquele amigo que sabemos... além disso, sim, tens razão, (não nos termos em que pões as coisas mas...) sempre tive algum receio que pudesses partilhar o segredo com mais alguém... desculpa.