parece que ter ou andar de mãos nos bolsos pode, em certos contextos, ser considerado um gesto pouco “educado”. tenho pena porque prefiro ter as mãos nos bolsos a preocupar-me em mantê-las fora deles.
25.9.08
20.9.08
a zona de ninguém e o acaso
há momentos em que tenho a sensação que entre eu e o outro há uma zona de ninguém onde ninguém se atreve a tocar. não falo de uma zona propriamente física, é mais uma área inexpressiva que se localiza entre aquilo que achamos conhecer do outro e aquilo que realmente conhecemos (sendo o que “realmente conhecemos” igual a atitudes, gestos, movimentos, olhares, tons de voz,…., associadas a “maneiras de ser”). coisas que observamos e aprendemos a identificar no meio das infindáveis formas de expressão humana. à medida que vamos conhecendo o outro, vamos sendo capazes de fazer corresponder cada vez mais ligações entre as suas expressões e as nossas conclusões. tudo sempre devidamente assente no campo da realidade-partilhada-observável-e-comprovável. mesmo assim e por mais que julguemos conhecer o outro, há sempre aquelas zonas de ninguém onde é o acaso vai fazendo a gestão das fronteiras. estes acasos, vítimas da sua genuína espontaneidade, acabam por nos dar mais dados sobre a nossa própria fronteira do que qualquer outra coisa.
11.9.08
10.9.08
as férias e o aborrecimento da sua explicação
"atão…? que tal de férias?”
sempre tive alguma aversão (educadamente camuflada pelo sentido das boas maneiras) a esta pergunta e ao género de diálogos que a pergunta traz consigo.
haverá quem - durante as férias - perca temo a pensar na resposta que vai dar a esta inevitável pergunta?
8.9.08
cerro os olhos para te não ver
e espalho o olhar por cada dedo
deito o coração na palma da mão
e toco-te, cego de mim, iluminado em ti
provo do teu cheiro cheio de mel
e sinto, por debaixo da pele
o que nenhum sentido me pode dar
por mais olhos e dedos que tenha
encerro
um sem fim de ti
dentro de mim
enquanto sonho
de olhos fechados
e coração aberto
o muito que somos ali
no sonho vivido