11.7.07

apontamentos de um vigilante florestal II

dia 11 de julho. uma e trinta da madrugada. vigilância dia 8.

a noite volta a ser pródiga na escrita. abundante também no vento. lá fora as luzes iluminam os sonos de quem dorme, os caminhos de quem passeia, os pensamentos de quem pensa, os risos de quem ri e as lágrimas de quem chora. lá, nas luzes, o vento é menor. aqui, faz concorrência à ópera da antena dois e ao constante ruído (como se de uma ventoinha de um computador se tratasse) do aparelho que transforma a luz do sol na luz que ilumina a torre, no computador que me serve e no rádio que toca. fumo, fumarei até ser dia, fumarei entre 10 a 15 cigarros e fumá-los-ei com muito gosto. aqui não há fumadores passivos! (só para comemorar, vou fazer uma pausa para enrolar outro e pensar nas coisas sobre as quais hei-de continuar a escrever).

já está. menos de trinta segundos, acendo-o… um segundo. já fumo. fumo e só me lembro de escrever sobre aquilo que mais me toca agora. sobre a voz imperceptível que toca no rádio, na rádio, imperceptível e de mulher que sofre, que sofre em italiano e canta o sofrimento com o mesmo prazer com que eu fumo este cigarro. na verdade, vou continuar a apreciar o cigarro e a rádio, vou poupar energia e desligar a luz, deixar a vela a arder e dedicar-me durante uns minutos a isso, ao cigarro (até acabar), à ópera, à luz ondulante da vela, ao vento e, claro, aos aglomerados de luzes civilizacionais (pena o tecto da cabana não ser em acrílico para poder apreciar as estrelas no meio disto tudo).

Sem comentários: