não se pode.
não se pode ter.
não se pode ter tudo.
não se pode correr parado.
não se pode ter guerra em paz.
não se pode dormir de olhos abertos.
não se pode ter fome e estar-se saciado.
não se pode beber água enquanto se respira.
não se pode ter a noite e o dia às mesmas horas.
não se pode ouvir o som do silêncio demasiado alto.
não se pode ver a flor que gerou o fruto que ali temos.
não se pode ter duas identidades, duas caras ou duas idades.
não se pode sentir o vento que sopra do outro lado do planeta.
não se pode ter branco e preto na mesma cor sem que seja cinzenta.
não se pode
ter o que se quer,
o que não se quer
e o que talvez se queira.
não se pode tocar com a ponta dos dedos
naquele coração que ouvimos bater
dentro daquele ser à nossa beira.
30.6.06
29.6.06
28.6.06
ser nuvem
quem me dera ser nuvem
e voar no céu do mundo,
poder olhar tudo no fundo
e saber o que tudo tem,
poder ter um sono profundo
sem prejudicar ninguém
quem me dera ser nuvem
e ver os pássaros em baixo
e as estrelas mais de perto,
olhar o tempo lá de cima
e ter todo o espaço aberto
quem me dera ser nuvem
e ser mimado pela brisa
e embalado pelo vento
quem me dera ser nuvem
e ter o sol como certo,
ter a companhia da lua
quando a noite está por perto
quem me dera ser nuvem
e ter chuva dentro de mim
chover quando quisesse
e poder ter neve sem fim
ou ser a sombra que arrefece
quando o sol aquece assim.
25.6.06
um elogio a mulheres
vou usar o espaço deste post para fazer um elogio às mulheres, a algumas mulheres, àquelas que fazem a vida dos homens terem um sentido melhor do que qualquer sentido.
não faço o elogio por serem mulheres, amantes, amigas, sensíveis, sensuais, doces, bonitas ou lindas, faço-o porque são assim e estão lá. estas mulheres, mais do que as que lá não estão, são capazes de despertar nos homens todo o tipo de sentimentos, do melhor ao pior. as que têm o azar de magoar o íntimo de um deles, nunca mais são respeitadas e correm o risco de serem odiadas o resto das suas vidas. por sorte ou destino, nunca tal me aconteceu e epero que não venha a acontecer… as que não abusam do estatuto mulher e conseguem - quando é preciso - estar de igual para igual, essas, são capazes de conquistar o mundo.
como é óbvio e sendo eu quem escreve, faço o elogio dos sentimentos, das emoções e das sensações escrevendo que é um prazer tê-las, vê-las, olhá-las, ouvi-las, falar-lhes e tocar-lhes. é um prazer que me ocupem os espaços e os tempos dos dias e das noites. é um enorme prazer tê-las por perto e vê-las bem.
não faço o elogio por serem mulheres, amantes, amigas, sensíveis, sensuais, doces, bonitas ou lindas, faço-o porque são assim e estão lá. estas mulheres, mais do que as que lá não estão, são capazes de despertar nos homens todo o tipo de sentimentos, do melhor ao pior. as que têm o azar de magoar o íntimo de um deles, nunca mais são respeitadas e correm o risco de serem odiadas o resto das suas vidas. por sorte ou destino, nunca tal me aconteceu e epero que não venha a acontecer… as que não abusam do estatuto mulher e conseguem - quando é preciso - estar de igual para igual, essas, são capazes de conquistar o mundo.
como é óbvio e sendo eu quem escreve, faço o elogio dos sentimentos, das emoções e das sensações escrevendo que é um prazer tê-las, vê-las, olhá-las, ouvi-las, falar-lhes e tocar-lhes. é um prazer que me ocupem os espaços e os tempos dos dias e das noites. é um enorme prazer tê-las por perto e vê-las bem.
23.6.06
a propósito de sensibilidade
como há algum tempo que aqui nada se escreve, fica aí um apontamento escrito pelo pessoa no livro do desassossego:
“há uma erudição do conhecimento, que é propriamente o que se chama erudição, e há uma erudição do entendimento, que é o que se chama cultura. mas há também uma erudição da sensibilidade.
a erudição da sensibilidade nada tem a ver com a experiência da vida. a experiência consiste em restringir o contacto com a realidade e aumentar a análise desse contacto. assim a sensibilidade se alarga e aprofunda, porque em nós está tudo; basta que o procuremos e o saibamos procurar.”
a erudição da sensibilidade nada tem a ver com a experiência da vida. a experiência consiste em restringir o contacto com a realidade e aumentar a análise desse contacto. assim a sensibilidade se alarga e aprofunda, porque em nós está tudo; basta que o procuremos e o saibamos procurar.”
15.6.06
encontros e desencontros
a cada dia que passa vamos perdendo alguém aos poucos. ou porque a determinada altura da vida nos afastámos ou porque simplesmente deixámos de nos sentar a conversar. lembro-me de grandes amigos da escola primária, do liceu, da universidade… amigos que foram importantes e que hoje passam os dias esquecidos. amigos que hoje se desconhecem, amigos que vivem apenas na memória de tempos e contextos claramente identificáveis mas que daí não saem. em contrapartida vamos ganhando outros, vamos conquistando e sendo conquistados por alguém que nos entende e fala a nossa linguagem, vamos sendo surpreendidos por encontros inesperados que nos fazem bem, que nos preenchem um bocadinho e nos tornam seres humanos mais ricos. ultimamente tenho tido essa sorte, tenho encontrado gente muito valiosa.
14.6.06
adeus anjo
tomei a decisão de me afastar do anjo. decidi regressar à vida sem pensar num possível futuro em conjunto. tomei a difícil e dolorosa decisão que tinha que ser tomada. não faz sentido perder tempo encalhado numa relação que não existe, não faz sentido sermos uma terceira peça que não é suposto entrar num tabuleiro amoroso de um jogo a dois. não faz sentido pensarmos na hipótese de felicidade quando isso significaria o fim de um amor. sei que a própria paixão não faz sentido… mas é egoísta, precipitado, imprudente, irracional e desaconselhável continuar assim…. (e eu não costumo ser isto tudo ao mesmo tempo). não aguento viver os dias assim e não estou disposto a perder mais tempo depois de ter acabado de chegar à conclusão que foi exactamente isso que andei a fazer com a última mulher. chega quase a ser ridículo pensar em ficar encalhado em nada depois de ter acabado de desencalhar de tudo… não posso, não quero.
12.6.06
extinção
será que quando chegamos à idade adulta deixamos de ser românticos?
é instintivo que procuremos uma companheira, está-nos no sangue procurarmos alguém que nos faça felizes, até aí tudo bem, agora, COMO queremos ser felizes é que eu ainda não entendi. será que em determinada altura das nossas vidas deixamos que a previsão de um futuro certo, seguro, confortável e sem surpresas nos condicione as escolhas e opções que fazemos em busca da tal felicidade?
a minha última mulher disse-me que “não era romântica como eu e não acreditava na história de um amor e uma cabana”, tudo bem, eu também não acredito nisso, o problema é que se ela me tivesse dito isto mais cedo, mais cedo eu teria acordado e desencalhado de uma relação há muito condenada ao fracasso. agora que entendo perfeitamente o que ela quis dizer com esta frase, sinto-me um tontinho, um ingénuo, um rapazinho que tem que crescer, arranjar um bom emprego, um bom status, um bom carro e ser como (quase) todos: um escravo da felicidade comodamente confortável, garantida e sem surpresas. o problema é que eu não sou assim... aliás, a culpa de neste momento estar como estou é só minha... perdi demasiado tempo a viver assim, acomodado, adormecido...
agora, como se não bastasse todo o tempo perdido, acordo da pior maneira possível: apaixonado pela mulher de outro... foda-se! estarão os eternos românticos condenados à extinção? se sim, por favor avisem-me antes que eu seja o último!
é instintivo que procuremos uma companheira, está-nos no sangue procurarmos alguém que nos faça felizes, até aí tudo bem, agora, COMO queremos ser felizes é que eu ainda não entendi. será que em determinada altura das nossas vidas deixamos que a previsão de um futuro certo, seguro, confortável e sem surpresas nos condicione as escolhas e opções que fazemos em busca da tal felicidade?
a minha última mulher disse-me que “não era romântica como eu e não acreditava na história de um amor e uma cabana”, tudo bem, eu também não acredito nisso, o problema é que se ela me tivesse dito isto mais cedo, mais cedo eu teria acordado e desencalhado de uma relação há muito condenada ao fracasso. agora que entendo perfeitamente o que ela quis dizer com esta frase, sinto-me um tontinho, um ingénuo, um rapazinho que tem que crescer, arranjar um bom emprego, um bom status, um bom carro e ser como (quase) todos: um escravo da felicidade comodamente confortável, garantida e sem surpresas. o problema é que eu não sou assim... aliás, a culpa de neste momento estar como estou é só minha... perdi demasiado tempo a viver assim, acomodado, adormecido...
agora, como se não bastasse todo o tempo perdido, acordo da pior maneira possível: apaixonado pela mulher de outro... foda-se! estarão os eternos românticos condenados à extinção? se sim, por favor avisem-me antes que eu seja o último!
8.6.06
7.6.06
história amorosa em poucas palavras
aos 10 anos tive a primeira namorada. tocávamo-nos por momentos com a ponta dos dedos… namorávamos ao longe e só os dois é que sabíamos (ela tinha muitos irmãos mais velhos que afastavam qualquer tentativa de qualquer um que se tentasse aproximar). a única coisa que tínhamos, os sorrisos e os olhares cúmplices, acabaram quando ela foi para o porto.
aos 15 fico fascinado pela mulher mais liberal da turma, namorámos uma semana até às férias do verão… separámo-nos e só nos encontrámos 10 anos depois para fazermos o que na altura não tínhamos tido a oportunidade de fazer, fizemo-lo e ela foi embora.
aos 19, já na universidade, bato com a cabeça nas paredes quando dou por mim apaixonado pela primeira vez, “agora sim, a paixão é isto!” – digo eu -. passo dias a pensar nela, ando nas ruas à espera de a encontrar, aproximo-me mas ela tá noutra… deixo de ser eu e passo a ser aquilo que acho que ela quer que eu seja. passa quase um ano até que a paixão passe.
aos 20 e depois da ressaca dos 19, encontro uma mulher muito querida, simpática, divertida mas frígida (seja lá o que isso for)… obriga-me a ir ao psicólogo da universidade porque – diz ela – “o teu apetite sexual não é normal, isso só pode ser doença”… vou ao psicólogo e explico-lhe a situação. ele aconselha-me e mudar de “bicicleta” e sugere-me uma amiga dele que teria o maior prazer em me conhecer (fico tentado mas dispenso). obriga-me depois a dizer-lhe que a amo porque se não o disser “acabamos!”… digo-lhe que a amo (a pensar na noite de sexo que iria ter!) e pouco tempo depois abandono-a.
aos 21 encontro uma mulher que é exactamente o oposto à última. lindo!!! tive a prova que afinal há mulheres ainda mais “doentes” do que eu. a coisa durou dois anos, eu fui mudando de vida, fui crescendo, ela não… os beijos deixaram de ter paladar e cada um seguiu a sua vida.
aos 23 encontro a que mais tempo tive. foi ela quem me seduziu, deixei-me seduzir e a coisa durou 6 anos. depois de três anos, fomos viver juntos e a relação começou lentamente a entrar em declínio até à saturação. 2 anos antes deste fim aparece a única mulher que me fez (por momentos) pôr tudo em causa. não ligo e deixo-me ficar no comodismo da relação garantida.
aos 29 dou comigo apaixonado pela segunda vez, dez anos depois da primeira paixão... é a mesma mulher que dois anos antes me havia feito parar para pensar… e decidir continuar com aquela de quem gostava na altura. mas ela agora gosta de outro (estava-se mesmo a ver) … agora é isto outra vez: cabeçadas na parede.
talvez daqui a dez anos me volte a apaixonar, talvez a paixão fique mal aos homens, talvez não seja exactamente isso que elas querem que os homens sintam, sei lá… é como diz ou outro: “só sei que nada sei”.
aos 15 fico fascinado pela mulher mais liberal da turma, namorámos uma semana até às férias do verão… separámo-nos e só nos encontrámos 10 anos depois para fazermos o que na altura não tínhamos tido a oportunidade de fazer, fizemo-lo e ela foi embora.
aos 19, já na universidade, bato com a cabeça nas paredes quando dou por mim apaixonado pela primeira vez, “agora sim, a paixão é isto!” – digo eu -. passo dias a pensar nela, ando nas ruas à espera de a encontrar, aproximo-me mas ela tá noutra… deixo de ser eu e passo a ser aquilo que acho que ela quer que eu seja. passa quase um ano até que a paixão passe.
aos 20 e depois da ressaca dos 19, encontro uma mulher muito querida, simpática, divertida mas frígida (seja lá o que isso for)… obriga-me a ir ao psicólogo da universidade porque – diz ela – “o teu apetite sexual não é normal, isso só pode ser doença”… vou ao psicólogo e explico-lhe a situação. ele aconselha-me e mudar de “bicicleta” e sugere-me uma amiga dele que teria o maior prazer em me conhecer (fico tentado mas dispenso). obriga-me depois a dizer-lhe que a amo porque se não o disser “acabamos!”… digo-lhe que a amo (a pensar na noite de sexo que iria ter!) e pouco tempo depois abandono-a.
aos 21 encontro uma mulher que é exactamente o oposto à última. lindo!!! tive a prova que afinal há mulheres ainda mais “doentes” do que eu. a coisa durou dois anos, eu fui mudando de vida, fui crescendo, ela não… os beijos deixaram de ter paladar e cada um seguiu a sua vida.
aos 23 encontro a que mais tempo tive. foi ela quem me seduziu, deixei-me seduzir e a coisa durou 6 anos. depois de três anos, fomos viver juntos e a relação começou lentamente a entrar em declínio até à saturação. 2 anos antes deste fim aparece a única mulher que me fez (por momentos) pôr tudo em causa. não ligo e deixo-me ficar no comodismo da relação garantida.
aos 29 dou comigo apaixonado pela segunda vez, dez anos depois da primeira paixão... é a mesma mulher que dois anos antes me havia feito parar para pensar… e decidir continuar com aquela de quem gostava na altura. mas ela agora gosta de outro (estava-se mesmo a ver) … agora é isto outra vez: cabeçadas na parede.
talvez daqui a dez anos me volte a apaixonar, talvez a paixão fique mal aos homens, talvez não seja exactamente isso que elas querem que os homens sintam, sei lá… é como diz ou outro: “só sei que nada sei”.
uma coisa é certa (e é a mais triste de todas): nunca disse “amo-te!”
6.6.06
introspecção espontânea e exteriorizada em três capítulos e menos de dois minutos
parte I
duas coisas completamente diferentes:
primeira:
quando se dá o que se tem, a mais não se é obrigado. quando o que se tem não é suficientemente valioso, parece pouco ou insignificante, mais nada há a fazer.
segunda:
ou a beleza está nos olhos de quem a vê ou pura e simplesmente não existe.
parte II
a parte séria do post:
(isto não é nada que se pareça com alguma coisa)...
portanto...
peço-lhes que não comentem.
beijos, abraços, afins
e obrigado.
parte III
a lucidez toma (deliberadamente) conta do post:
desculpem a abruptidade do discurso - parte I - (saiu assim e teve que vir páqui).
duas coisas completamente diferentes:
primeira:
quando se dá o que se tem, a mais não se é obrigado. quando o que se tem não é suficientemente valioso, parece pouco ou insignificante, mais nada há a fazer.
segunda:
ou a beleza está nos olhos de quem a vê ou pura e simplesmente não existe.
parte II
a parte séria do post:
(isto não é nada que se pareça com alguma coisa)...
portanto...
peço-lhes que não comentem.
beijos, abraços, afins
e obrigado.
parte III
a lucidez toma (deliberadamente) conta do post:
desculpem a abruptidade do discurso - parte I - (saiu assim e teve que vir páqui).
4.6.06
mais um desabafo que uma queixa
aborrecem-me aqueles que passam a vida a dizer mal de tudo. nunca partilham um sentimento positivo seja pelo que for. às vezes já agradecia se dissessem (pelo menos) “este café está bom, saboroso…”, mas não, guardam para eles o prazer das coisas (se é que o têm) e limitam-se a partilhar o que vai mal, seja no café que bebem, no país em que vivem, na sociedade, na cultura, na política, na música, no ambiente do sítio onde estão, o calor, o futebol, a televisão… enfim… o autor sabe que o que ele aqui escreve exemplifica exactamente este género de pessoas, sendo este post (tal como o anterior) a prova perfeita de que ele próprio poderá às vezes aborrecer os que o ouvem (ou lêem) com um discurso constantemente negativista. no entanto, esta queixa, esta partilha, este sentimento de aborrecimento perante aqueles que passam a vida a queixar-se, limitar-se-á a este parágrafo e servirá apenas como um desabafo… o pior de tudo, é cansarmo-nos de ouvir quem passa a vida a dizer mal das coisas e sabermos que esses são, provavelmente, os que menos fazem para que as coisas sejam diferentes.
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