29.5.06

país dos sonhos

perdem-se horas à beira da estrada à espera que as estrelas passem. filas de trânsito intermináveis que esperam o autocarro das estrelas. bandeiras de portugal por todo o lado (até parece que já ganhámos o mundial!). espero que sim, que ganhemos, espero acima de tudo que haja bom futebol, daquele que dá gozo ver. entretanto e enquanto o campeonato não chega, a malta vai-se distraindo com o calor e os morangos com açucar, por falar nisso - já disseram, à juventude adicta da série que o jovem que morreu tinha cocaína no sangue? - não digam e deixem-nos viver no sonho porque afinal de contas, também eles têm o direito de viver neste país, o país dos sonhos, o país do futebol e dos morangos com açúcar...

28.5.06

desejo


(Lat. desediu ou b. Lat. desidiu), s. m. aquilo que se deseja; apetite; cobiça; anseio; propósito; intuito.

25.5.06

nas nuvens

para que não se pense que são só tristezas, que a vida deste autor faz lembrar um daqueles dramas amorosos em que se chora do início ao fim, vem ele prório mostrar o lado bom de todo este drama e vem ele próprio dizer que há muito que não se sentia tão vivo, que há muito que não caminhava nas nuvens, que há muito que o coração não batia tão desordenadamente levando o sangue a atropelar-se constantemente nas suas veias. quem lê isto, reconhece de certeza este estado e ficará de certeza feliz sabendo que o autor também se sente assim.

23.5.06

o mergulho


admirável o efeito
que os assuntos do peito
provocam na alma
que antes era calma
e de repente se tranforma
numa lei sem norma
num mar sem água
onde é profunda a mágoa
e o coração mergulha
pelo buraco da agulha
aterrando de cabeça
sem que o mereça
no vazio do leito
do peito do mar

22.5.06

basa

"ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. e eu não preciso de ti. e tu também não precisas de mim. por enquanto, para ti, eu não sou senão uma rapoza igual às outras cem mil rapozas. mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. passas a ser o único no mundo para mim. e, para ti, eu também passo a ser única no mundo..."
antoine de saint-exupérie
o principezinho
- isto está a fazer-me mal...
- se me disseres, eu baso e nunca mais te chateio.
- então eu digo (já estou a chorar) basa!

21.5.06

nem ciência nem falso

"o leitor há-de ver já a seguir que o autor não é forte em ciência, de modo que tudo quanto ficar escrito não terá absolutamente nada de científico. será exactamente nem científico nem falso, ao mesmo tempo."

(diz o almada negreiros antes de começar o nome de guerra e digo eu apropriando-me das suas palavras)

18.5.06

assim

recomeço este post... não é vulgar mas tive que recomeçar... ainda não sei exactamente o que vou dizer mas tenho que dizer alguma coisa sobre o dia de hoje. tenho que dizer que viver é um prazer. tenho que dizer que tenho sorte, apesar de tudo tenho sorte. tenho amigos que são mais do que irmãos, tenho outra familia para lá da minha, passo os dias no meio das crianças e às vezes tenho a sensação que só conheço gente boa. o dia de hoje fez-me sentir assim.

k.

"k" porque sim. não por causa do eterno personagem do kafka mas porque é um nick do mais simples que há. gosto da letra. o ponto faz-lhe companhia. pronto. foi a dissertação possível sobre a razão de um nickname.

16.5.06

ao contrário

oh como eu gostava que desta vez fosse ao contrário, possuir-lhe a alma antes do corpo, entrar dentro dela sem lhe tocar e depois tê-la toda só p’ra mim. minutos a fio, horas, dias, meses, anos, uma eternidade.

anjo

desde a noite do sonho (cuja única lembrança é a de ter olhado por segundos um anjo) que toda a minha vida se alterou. agora, perco horas nisto e não consigo fazer outra coisa, lamentações de gajo que já ultrapassou a idade de passar a vida a queixar-se das desgraças amorosas, das separações dolorosas, de amores platónicos ou impossíveis. das duas uma: ou este anjo veio para me salvar de uma dor maior ou, (porque habitava já os meus dias) resolveu aparecer-me no sonho para me complicar ainda mais a vida...
14 de maio

adeus

Assim se foram seis anos, assim termina o mais longo período de uma vida passada a meias, assim, uma confusão repentina, uma indefinição momentânea que se tornou numa separação definitiva. Ritmos de vida, gostos e interesses diferentes, duas linguagens, uma casa e uma cadela que ficou com ela apesar de gostar mais de mim, ou não fosse eu o seu companheiro de passeio, no passeio, nas ervas, nos matos, nas obras, na estrada… ou não fosse eu o seu saciador nas suas horas de maior aperto apetitivo, ou não fosse eu o matador da sua sede. Foi ela quem da rua a tirou e para casa a levou. É dela a cadela.
Agora, que venham os dias, que venha a vida que desde sempre separou e uniu os humanos, os povos, os homens e as mulheres e as fez felizes e infelizes. Que venha a vida, que não acabe já e que não me traga doenças e desgraças, que não me traga gente má mas me dê mais amigos. Os amigos. Foram eles que mais uma vez me salvaram, foram eles os conselheiros, ouvintes, ajudantes e irmãos. A família está longe infelizmente mas os amigos, mais uma vez, foram Amigos dignos do nome.

4 de maio

o fim

murchou e morreu
a flor do amor,
se foste tu ou eu
quem criou esta dor,
nem interessa discutir
porque fomos os dois,
que em vez de sorrir
deixámos p’ra depois,
o que o depois veio tarde,
porque o amor já não arde
porque a flor já morreu
neste jardim que foi teu.
agora fico eu
sem cheiro nem cor
porque morreu a flor
do jardim que era teu.
27 de abril