no mundo das artes quem tem um olho (como num reinado de cegos) é rei. basta tirarem umas fotografias, fazerem teatro (às vezes amador), tocarem um instrumento qualquer (que até pode ser pandeireta). não são todos assim mas infelizmente e, especialmente em cidades de província, estes mundos estão recheados de pedantes ambulantes que se assumem como artistas (seja qual for a arte de eleição) e cultivam a imagem (sempre distinta) que lhes parece à altura: arrogantes, importantes, cultos, boémios, elitistas, eclécticos, enfim, tudo aquilo que se poderia encontrar numa dessas revistas cor de rosa que há para aí à venda. a excepção: estes distintos artistas abominam os outros e sentem-se a um nível superior, mais nobre e altivo porque não fazem parte do imaginário de quem lê imprensa cor de rosa mas de quem lê imprensa bordeaux. falam sempre com o ar de quem sabe melhor do que ninguém o que dizem, nunca estão errados e, como diz o outro, raramente têm dúvidas. ao fim de semana, um jornal, o expresso ou o público, tanto faz, passeiam ridiculos com o saquinho na mão ou o jornal debaixo do braço pelas ruas e avenidas, entram num café qualquer e folheiam aquilo como se estivessem mesmo interessados nas actualidades do mundo. depois há pior, há aqueles que não têm a mínima ligação a qualquer tipo de arte mas como admiram os outros, adoptam uma atitude semelhante. sobre estes nem vale a pena dizer nada...
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