oiço os sonos sossegados
dos corpos descansados,
oiço corpos em quimeras
e devaneios incessantes,
oiço os sonhos findos
dos corpos esgotados,
dos corpos enfadados
que gemem acordados
os pesadelos passados,
oiço a mansidão da noite
aqui, assim
acordado e ancorado
no vento que passa.
25.10.07
24.10.07
estar
estava de olhos fechados quando te vi a olhar para mim
estavas com aquele olhar curioso de quem quer ver
estava quieto, calado e a respirar apressadamente
e tu em paz entre os teus pensamentos singulares
e eu pacífico entre os meus despensamentos dispersos
sem olhar nem pensar
decidimos estar sem dizer
sem falar nem complicar
e ficar só a apreciar
o prazer de não ser
estavas com aquele olhar curioso de quem quer ver
estava quieto, calado e a respirar apressadamente
e tu em paz entre os teus pensamentos singulares
e eu pacífico entre os meus despensamentos dispersos
sem olhar nem pensar
decidimos estar sem dizer
sem falar nem complicar
e ficar só a apreciar
o prazer de não ser
16.10.07
12.10.07
O blogue como espaço de escrita e reflexão
Este texto é ele próprio uma escrita reflexiva, muitas das ideias expressas são frutos de momentos de brainstorming, não se revelando, por isso, frutos por aí além sumarentos aquando do seu aprofundamento.
Escrever começa por ser um acto solitário impulsionado por factores externos ou internos a cada um. Se os factores que despertam a escrita, o post propriamente dito, são de índole interna ao escritor, de carácter mais pessoal e com uma carga emocional determinante na iniciativa de escrever, aí, a escrita assume um papel que ultrapassa (para quem escreve) a importância de um post, será como que uma explosão ou uma catarse, no fundo, uma terapia.
Serve muitas vezes o post para que o autor exorcize algo que lhe vai no interior e, de alguma forma, é acalmado no acto da escrita, como um cavalo selvagem que é domesticado e se torna pacífico aos olhos do seu dono. Este valor interior que a escrita assume para o autor não se fica por aqui, muitas vezes ele escreve para si, para se encontrar, para clarificar de si e para si, questões existenciais (ou corriqueiras) que assumem traços claros e formas objectivas no desenho de cada palavra, frase ou parágrafo. É um encontro com o “eu” de cada um, onde as ideias, os ideais, as impressões, emoções e sensações se tornam esclarecidas aos olhos do sujeito que as escreve. Quantos de nós não nos surpreendemos já com algo que vimos escrito por nós próprios? Quantos de nós não assimilámos, através da escrita, auto-conhecimento que andava disperso? De facto, este processo de auto-conhecimento é outro dos valores intrínsecos à própria escrita, havendo inclusive algumas correntes da psicologia actual que olham o blog como um espaço que permite ao seu autor desencadear (consciente ou inconscientemente) processos internos de desenvolvimento pessoal (a tal terapia, o auto-conhecimento, o espaço para a extroversão através da criatividade, …).
A criatividade é outra mais valia do blog enquanto acto de reflexão. Para além da sua necessária aplicação à língua, à forma e conteúdo do texto, temos ainda a componente visual das imagens (fotografias próprias ou outras) que “valem por mil palavras” e que são um olhar pessoal sobre algo ou alguém. Facilmente e com recurso a algum software simples (como o phtoshop® ou o moviemaker® da microsoft®) o autor edita uma imagem e imprime-lhe um cunho pessoal.
A aprendizagem da língua e o treino da escrita, contribuem também para que cada blogger alimente a ideia de pensar, filosofar sobre o dia-a-dia e fazê-lo cada vez melhor, quer do ponto de vista do conteúdo, quer do ponto de vista da forma da escrita (gramática). Só por si, este valor acrescentado da utilização da língua, é um enorme contributo para o desenvolvimento pessoal e o crescimento do indivíduo enquanto ser pensante e reflexivo.
O valor da comunicação, da partilha, da exposição, da construção de opiniões, é mais uma prova da aproximação das pessoas através deste recente canal de comunicação. Mais pessoal ou mais público, o blog acaba por ser o nosso cartão de apresentação no mundo virtual, perante aqueles a quem nos damos a conhecer e com quem partilhamos as nossas “coisas”. Mesmo sendo um acto individual, o post só faz sentido se lido, tornando-se ainda mais rico quando lhe é acrescentado o feedback do comentário. Assim, são cumpridas as regras básicas da comunicação – emissor (autor), receptor (leitor), mensagem (post), canal ( blog) e feedback (comentário). Este valor comunicativo possibilita a criação ou aprofundamento de laços pessoais onde temos a oportunidade de nos dar a conhecer e a possibilidade de ir mais longe e mais fundo no conhecimento do outro e dos seus valores.
Pode haver três objectivos na realização de um post: a escrita de si para si (mais pessoal, introspectiva, reflexiva e com um carácter mais existencialista); a escrita de si para si e para partilhar (mais voluntária na partilha e tendencialmente menos pessoal); ou escrita para quem lê - público em geral ou alguém em específico – (mais atenta à mensagem e ao receptor do que a si próprio). Ao contrário das correntes actuais que sugerem um défice de socialização provocada pela Internet, o blog serve ao indivíduo como um canal de comunicação adicional ao acto de socializar. Os blogs de carácter mais público, servem ainda para criar e/ou cultivar correntes de pensamento em torno das quais se juntam grupos de pessoas que partilham as mesmas ideias sobre questões mais ou menos significativas da sociedade. Aprofunda-se assim a criação de uma cultura cujo pilar se situa na virtualidade dos ideais sociais partilhados. Pensar, reflectir e partilhar através do blog, torna-nos em filósofos atentos à sociedade e escritores amadores que partilham as suas ideias sobre o mundo e a vida.
Escrever começa por ser um acto solitário impulsionado por factores externos ou internos a cada um. Se os factores que despertam a escrita, o post propriamente dito, são de índole interna ao escritor, de carácter mais pessoal e com uma carga emocional determinante na iniciativa de escrever, aí, a escrita assume um papel que ultrapassa (para quem escreve) a importância de um post, será como que uma explosão ou uma catarse, no fundo, uma terapia.
Serve muitas vezes o post para que o autor exorcize algo que lhe vai no interior e, de alguma forma, é acalmado no acto da escrita, como um cavalo selvagem que é domesticado e se torna pacífico aos olhos do seu dono. Este valor interior que a escrita assume para o autor não se fica por aqui, muitas vezes ele escreve para si, para se encontrar, para clarificar de si e para si, questões existenciais (ou corriqueiras) que assumem traços claros e formas objectivas no desenho de cada palavra, frase ou parágrafo. É um encontro com o “eu” de cada um, onde as ideias, os ideais, as impressões, emoções e sensações se tornam esclarecidas aos olhos do sujeito que as escreve. Quantos de nós não nos surpreendemos já com algo que vimos escrito por nós próprios? Quantos de nós não assimilámos, através da escrita, auto-conhecimento que andava disperso? De facto, este processo de auto-conhecimento é outro dos valores intrínsecos à própria escrita, havendo inclusive algumas correntes da psicologia actual que olham o blog como um espaço que permite ao seu autor desencadear (consciente ou inconscientemente) processos internos de desenvolvimento pessoal (a tal terapia, o auto-conhecimento, o espaço para a extroversão através da criatividade, …).
A criatividade é outra mais valia do blog enquanto acto de reflexão. Para além da sua necessária aplicação à língua, à forma e conteúdo do texto, temos ainda a componente visual das imagens (fotografias próprias ou outras) que “valem por mil palavras” e que são um olhar pessoal sobre algo ou alguém. Facilmente e com recurso a algum software simples (como o phtoshop® ou o moviemaker® da microsoft®) o autor edita uma imagem e imprime-lhe um cunho pessoal.
A aprendizagem da língua e o treino da escrita, contribuem também para que cada blogger alimente a ideia de pensar, filosofar sobre o dia-a-dia e fazê-lo cada vez melhor, quer do ponto de vista do conteúdo, quer do ponto de vista da forma da escrita (gramática). Só por si, este valor acrescentado da utilização da língua, é um enorme contributo para o desenvolvimento pessoal e o crescimento do indivíduo enquanto ser pensante e reflexivo.
O valor da comunicação, da partilha, da exposição, da construção de opiniões, é mais uma prova da aproximação das pessoas através deste recente canal de comunicação. Mais pessoal ou mais público, o blog acaba por ser o nosso cartão de apresentação no mundo virtual, perante aqueles a quem nos damos a conhecer e com quem partilhamos as nossas “coisas”. Mesmo sendo um acto individual, o post só faz sentido se lido, tornando-se ainda mais rico quando lhe é acrescentado o feedback do comentário. Assim, são cumpridas as regras básicas da comunicação – emissor (autor), receptor (leitor), mensagem (post), canal ( blog) e feedback (comentário). Este valor comunicativo possibilita a criação ou aprofundamento de laços pessoais onde temos a oportunidade de nos dar a conhecer e a possibilidade de ir mais longe e mais fundo no conhecimento do outro e dos seus valores.
Pode haver três objectivos na realização de um post: a escrita de si para si (mais pessoal, introspectiva, reflexiva e com um carácter mais existencialista); a escrita de si para si e para partilhar (mais voluntária na partilha e tendencialmente menos pessoal); ou escrita para quem lê - público em geral ou alguém em específico – (mais atenta à mensagem e ao receptor do que a si próprio). Ao contrário das correntes actuais que sugerem um défice de socialização provocada pela Internet, o blog serve ao indivíduo como um canal de comunicação adicional ao acto de socializar. Os blogs de carácter mais público, servem ainda para criar e/ou cultivar correntes de pensamento em torno das quais se juntam grupos de pessoas que partilham as mesmas ideias sobre questões mais ou menos significativas da sociedade. Aprofunda-se assim a criação de uma cultura cujo pilar se situa na virtualidade dos ideais sociais partilhados. Pensar, reflectir e partilhar através do blog, torna-nos em filósofos atentos à sociedade e escritores amadores que partilham as suas ideias sobre o mundo e a vida.
julho de 2007
8.10.07
claridade vs transparência vs (pre) conceitos (ou quase)... não sei bem...
quando olhamos os outros pelos nossos olhos, a claridade com que os vemos a eles e às suas coisas, às de dentro, é uma claridade impregnada de coisas nossas. tenho aprendido a tentar deixar de lado as minhas coisas claras quando olho p’ra dentro de alguém. tenho tentado esquecer os meus (pre) conceitos sobre interiores quando os observo e os tento alcançar. é um exercício laborioso, é… produz resultados? ... não sei bem… continuo a achar que a claridade que pomos em cada um a quem olhamos, acaba por dizer alguma coisa de nós próprios (acabando assim por dar elementos ao outro que nos olha ao mesmo tempo que o observamos). confortável?... talvez… mas pelo menos trata-se sinceramente de nós, trata-se do eu de cada um, assim como ele é, moldado pelas coisas da vida, do mundo e da sociedade.
deixar de lado os (pré) conceitos quando olhamos alguém, significa deixar de lado aquilo que somos (lá no fundo) para olharmos o outro amoralmente, imparcialmente e de uma forma (quase) politicamente correcta.
é claro que não devemos ser (pré) conceituosos, devemos ser correctos, devemos ser (quase) perfeitos no olhar que fazemos sobre o outro, devemos olhá-lo - não com claridade, mas com transparência. é claro que devemos?... não sei bem…
(este post poder-se-ia chamar "um olhar sobre o nosso olhar" e parte do princípio que os preconceitos não são nem eternos nem obrigatoriamente negativos. parte também do princípio que o ser humano se constrói durante toda uma vida. parte ainda do princípio que "olhar o outro" é um passo - inicial - fundamental no processo de socialização e na na construção de uma relação. no fundo, este post é todo ele um (pre) conceituoso)
4.10.07
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