29.9.11

boleia

guiava por uma daquelas estradas que passam mesmo pelo meio das pequenas aldeias quando, já nas últimas casas, aparece um velhote de bengala branca e óculos garrafais a esticar a mão na direcção do carro. parei e perguntei se estava tudo bem, não ouvi a resposta  - diga? a palavra boleia apareceu no meio da resposta repetida e entendi. bora! digo enquanto inclino a cabeça para o lado direito e aproveito para passar a mala do pc para o banco de trás. “muito obrigado, é uma esmola que dá a um pobre… sabe, eu nunca gostei muito de pedir boleia às pessoas, de as chatear…  mas já me vão faltando as pernas”. tinha que ir aos correios, onde o deixei. tinha nascido em 1913.

2 comentários:

Pedro Sá Valentim disse...

Aposto que nunca tinhas transportado nenhuma antiguidade desse calibre. (E espero que o venerável ancião tenha posto o cinto). Já viste que, nem que tivesse sido só por momentos, conduziste uma testemunha secular do século que, comparado com os outros, vale para aí por três?

Abraço

João disse...

é verdade, nunca tinha transportado tão grande antiguidade. adivinhaste, estava preparado para que eu arrancasse sem que ele pusesse o cinto, disse-lhe que tínhamos que ir em segurança ;).
também é verdade, comparado com outros, vale por 3 ou 4.
aquele abraço.