15.2.09

apontamento sobre os lados positivos de duas tragédias

tudo tem vários lados. mesmo que só se revelem à posteriori, até os acontecimentos mais trágicos da humanidade têm o seu lado positivo. se pegar, por exemplo, na segunda guerra mundial e no george w bush, encontro os seus lados positivos. 

da segunda guerra mundial:
conhecer a dimensão da possibilidade bárbara de uma tragédia à escala humana assente em ideias tão patéticas como a definição de uma raça humana suprema, perfeita, governante e de origem mitológica (por exemplo). 
saber que entretanto é mais ou menos ponto assente que entre humanos (como noutras espécies da natureza) não há raças, só etnias.
conhecer as formas brutais de comportamento que somos capazes de usar na relação com um semelhante. foi tudo demasiado mau para que me esqueça daquilo que significa uma guerra mundial. 

do george w bush:
depois de um homem assim a dirigir a maior potência mundial, as gentes dessa potência ficaram preparadas para eleger uma mulher ou um afro-americano para os dirigir. elegeram o afro-americano que ainda há sessenta anos estava sujeito a ser queimado em frente da mulher e dos filhos ou, na melhor das hipóteses, tinha lugares específicos nos bancos do autocarro, casas de banho, restaurantes ou lojas só para ele e os da sua etnia. este afro-americano, se tivesse vivido durante a segunda guerra, teria tido o direito de morrer “pela pátria” como um humano, cidadão e soldado de segunda. 

5.2.09

a propósito de princípios

gosto de princípios.

gosto de os ter e de os reconhecer quando os vejo.

gosto da solidez com que sustentam essa coisa vaga chamada personalidade.

gosto deles edificantes sem que sejam estanques.

gosto de saber que os princípios me acompanham pacificamente nesta aventura que se chama crescimento.

camaradas na adaptação (biológica, social, pessoal ou outra qualquer), os princípios são como que faróis em dias de nevoeiro ou cordas penduradas no abismo.

mesmo assim…

gosto ainda mais de saber que são eles que me pertencem, não o contrário.

gosto que não me digam quem sou nem como devo ser.

gosto de ser eu a gerir esta relação interior em função daquilo que considero justo, correcto, ou qualquer outro valor do mesmo calibre.


(por pensar como penso, não significa que não haja desequilíbrios de poder de quando em quando… às vezes saio a perder e outras vezes sou coisas que andam longe do justo ou correcto).