A Ditadura Militar (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974) foram, conjuntamente, o mais longo regime ditatorial na Europa Ocidental durante o séc. XX, estendendo-se por 48 anos.
A Ditadura Militar (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974) foram, conjuntamente, o mais longo regime ditatorial na Europa Ocidental durante o séc. XX, estendendo-se por 48 anos.
Já se sabe que “a democracia é o menos mau dos regimes políticos que se conhecem”. Aproveito uma onda de relativa euforia/expectativa impulsionada pelas eleições norte-americanas e o facto de se aproximar um ano pleno de eleições cá para nós. Aproveito também o facto de me ver a ser formador de adultos (se forem crianças ou jovens, sou educador ou professor, se forem adultos, sou formador...) numa coisa que se chama “cidadania e desenvolvimento pessoal”. Aproveito a revisão da matéria de direito do 10º ano. Aproveito isto tudo e deixo aqui a fórmula que transforma o voto de cada um num representante na assembleia do povo que é a da república (partindo do princípio que votamos em alguém que é eleito pelo nosso círculo):
A conversão dos votos em mandatos faz-se de acordo com o método de representação proporcional de Hondt, obedecendo às seguintes regras:
a) Apura-se em separado o número de votos recebidos por cada lista no círculo eleitoral respectivo;
b) O número de votos apurados por cada lista é dividido, sucessivamente, por, 1, 2, 3, 4, 5, etc., sendo os quocientes alinhados pela ordem decrescente da sua grandeza numa série de tantos termos quantos os mandatos atribuídos ao círculo eleitoral respectivo;
c) Os mandatos pertencem às listas a que correspondem os termos da série estabelecida pela regra anterior, recebendo cada uma das listas tantos mandatos quantos os seus termos na série;
d) No caso de restar um só mandato para distribuir e de os termos seguintes da série serem iguais e de listas diferentes, o mandato cabe à lista que tiver obtido menor número de votos.
Curiosa a alínea d… será a democracia no seu expoente máximo?
Amigos
Amigos cento e dez, talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais
Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
- Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
Que cento e nove impávidos marotos!
Camilo Castelo Branco
(Lisboa, 1825-1890)
não costumo ler o camilo mas encontrei isto ali no meio de outras coisas. fica aqui escrito não porque me reveja nas palavras amargas mas porque me interrogo se, dadas as probabilidades, não me enquadrarei num desses cento e nove. trouxe isto para aqui porque li ontem um relato realmente comovente de um encontro de amigas, algo despertado por um – aparentemente – simples olhar. trouxe isto para aqui porque sou capaz de me lembrar de um ou dois amigos que facilmente me classificariam como impávido maroto, especialmente um. trouxe isto para aqui porque achei que devia trazer.
embora às vezes não pareça, nunca me dei muito bem com o protagonismo. não que me zangue com ele ou ele comigo, o problema é que quanto maior ele for, maior é o trabalho que me dá. apesar de ser a qualidade que interessa, este trabalho também tem uma razão quantitativa: + protagonismo = + exposição + imagem + papel + expectativa + responsabilidade + exemplo + […].
se lidar internamente com as coisas dá o trabalho que dá, lidar com as coisas externas coberto com um protagonismo acrescido, dá ainda mais. a razão, a qualitativa, é exactamente o DAR.