se deus fosse homem
meu caro
seria menos sagrado
teria sangue nas veias
e chagas na alma
não haveria cruz
nem pregos
nem santos
nem trevas
nem luz
só humanidade
de verdade
de corpo e carne
de nervo e osso
se deus fosse homem
meu caro
seria dos nobres o céu
dos desabitados o inferno
e não haveria purgatório
nem juízes nem júris
nem leis
nem prisões
nem reis
nem sermões
só homens iguais
na arte de o serem
de corpo e carne
de nervo e osso
27.8.07
24.8.07
2 blockbusters: 1 vazio, 1 a transbordar
esperava-se muito mas não… foi uma perfeita desilusão. um filme do tarantino que mais parece uma sessão dupla da série “o sexo e a cidade” numa versão texana. nem os diálogos entre os grupos femininos conseguem ser originais. o desepenho do kurt russel e as inspirações do “terror na auto-estrada” não chegam sequer para aliviar um bocadinho a sensação de filme vazio. o que vale é que era segunda-feira e o bilhete era mais barato…
a cultura pode ser diferente, a língua também, mas do japão a marrocos e de marrocos ao méxico, o sangue dos homens é o mesmo, é vermelho vivo. os sentimentos que toldam os dias têm o mesmo nome em qualquer lugar. no desespero, a vida tem mais sentido do que nunca. intenso, profundo, simples na forma complexa de dar destino ao acaso. um daqueles filmes que nos torna pequenos no egoísmo de quem acha que está só e nos faz crescer quando transportados para o cerne de um drama que podia ser o meu, o teu, o dele ou o dela.
23.8.07
família & sardinhas
o dia esteve particularmente fresco, o pátio está inundado de intimidades familiares que se desenrolam por entre sombras, rasgos de sol, árvores de fruto e o parque infantil da mais nova. neste lado da mesa e de frente para todo este cenário de corrupio em volta da sardinhada, assenta o laptop que serve de bloco de notas ao acontecimento. ouvem-se baixinho sonatas de beethoven majestosamente tocadas pela maria joão pires. o ar começa a ficar aquecido pelo carvão, são os homens a tratar do fogo que há-de tratar das sardinhas. as mulheres cuidam de tudo o resto enquanto a criança de três anos se aproxima com uma cadeira nos braços a perguntar o que faço, digo que escrevo e ela fica na mesma enquanto observa este gesto estranho. resiste pouco mais de um minuto e regressa à brincadeira de bonecas. os cães descansam as línguas do calor da tarde. “ó tio, come”. venham as sardinhas, vou a elas.
vale da sancha,
algures no início de agosto
3.8.07
vou ali já venho
família, aqui vou eu! que me esperem os afectos e muito mimo, que me esperem os dias de ócio e os longos sonos, os passeios, o sol, a água e as esplanadas. que me espere o porto que já lhe tenho saudades e a berlenga que nunca me viu. até logo.
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