19.6.07

outra espécie d'escrita

estava em frente ao espelho enquanto se ouviu dizer: “achas-me sensual? quando olhas p’ra mim tens vontade de me dar prazer?”, disse isto enquanto se olhava à espera de se ver na resposta que ouvisse dele. ele, que ia pegar na escova de dentes, parou sem que a escova chegasse a sair do copo, ela, apressando-o, pediu-lhe que respondesse depressa, sem pensar. ele disse que eram duas perguntas, que se ela quisesse uma resposta sem pensar, seria um “sim” a cada pergunta. ela ia dizer qualquer coisa mas ele não deixou, num gesto repentino tapou-lhe a boca com uma mão enquanto a outra se cravou à anca e percorreu um movimento suave de fora para dentro e de cima para baixo. a meio deste movimento, já os dentes haviam sido substituídos pelos lábios molhados no pescoço dela. a mão da boca afastou-se para o outro lado do pescoço enquanto a outra parou para dar liberdade aos dedos. os lábios descolam do pescoço e os dentes dedicam-se a mordiscar cada cartilagem da orelha. o corpo dela já não resiste quieto, a boca deixa-se ouvir a respirar e as mãos agarram-se a qualquer coisa, ao lavatório. ela, que já se tinha esquecido do espelho, lembrou-se de se olhar enquanto mulher embalada para o prazer. gostou de se ver, não evitou o sorriso e olhou-o no espelho, viu-o a olhá-la enquanto deixava a língua deslizar para dentro da orelha dela. sorriram ao mesmo tempo e, sem abandonarem o prazer, fecharam os olhos antes de continuarem.

2 comentários:

Anónimo disse...

quase-K.-Charles-Bukowski...hihih...tô brincando. O prazer é natural à condição humana;) escrever sobre ele também devia ser mais...

João disse...

;)