diálogo tardio com a consciência que cá vai

estive quase a ser egoísta. estive quase a escrever sobre a solidão dos presidentes. mas não, não o fiz, levei imediatamente um puxão de orelhas da consciência que me perguntou:
- a solidão dos presidentes?! então e os outros combatentes, sim, aqueles que a dada altura decidiram embarcar numa luta que começou por ser só tua??? não me venhas falar de solidão ó meu grande merdas!
respondi:
- tens razão consciência... mas eu ia falar de uma solidão que me assalta aqui e ali, e que ali, há pouco, naquele lugar destacado de tudo o resto, me fez sentir só, a ser julgado, só.
- não serás tu que procuras ver o julgamento dos outros?
- não, eu procuro saber se é este o caminho que a tal luta deve tomar, procuro saber se há outros que entendem e querem a luta pela qual dou a cara.
- outros?
- sim, outros para além daqueles que não só abraçaram a luta como dão do seu "sangue, suor e lágrimas", os outros por quem lutamos. entendes consciência?
- não, já assumiste o meu papel... como é que queres que entenda?
- deixa-te de merdas e deixa de jogar à defensiva, estava só a expor a análise que faço da coisa.
- e precisas então de saber se há, para além de ti e dos teus, se há outros que acreditam na luta?
- não, eu poria as coisas d'outra forma: eu TENHO que acreditar que o caminho que a luta toma, é o caminho que a maioria deseja, só isso.
- ah, a maioria e a sua mania de democracia...
- pois... às vezes esquecemo-nos que a política não é só para os políticos...
- olha, eu cá p'ra mim fazia como os gregos quando inventaram a democracia?
- ?
- simples: todos os cidadãos são chamados (por sorteio) pelo menos uma vez na vida a governar o estado e a cumprir um mandato.
- tá bem mas atenas era só uma cidade, além disso, havia de ser bonito com os cromos todos que cá temos!