24.4.06

flor, vento, tempestade

quando se colhe uma flor,
ela morre antes de murchar.
às vezes, colhem-se tempestades
sem ter sido semeado qualquer vento,
e se a flor não não tiver sido colhida,
aguenta tanto uma como o outro.

13.4.06

viva o jazz faz favor!

apeteceu-me dizer alguma coisa a propósito de qualquer coisa boa, boa no sentido de positiva e agradável. ouve-se o coltrane plays the blues, começa a cabeça a balançar entre os auscultadores, o pé no fundo da perna que descansa cruzada em cima da direita a abanar. quando o trompete aparece no meio do contrabaixo e da bateria, todo o corpo se balança enquanto os dedos pulam por entre as letras do teclado. estes dedos, de vez em quando levantam-se para também eles dançarem, enquanto que lá em cima, o pescoço se estica para a cabeça bailar mais longe e os olhos fixarem o ecrã. uma coisa positiva. se não fosse, não me daria ao trabalho a que me dei p´ra transformar em palavras, sete minutos e cinquenta e dois segundos agradáveis na vida de um homem. na verdade, vamos já na música quatro, as vírgulas nunca encaixam como queremos, as palavras às vezes não nos parecem as mais adequadas, a música obriga-nos a desleixar as palavras, o ecrã e o teclado, enfim… viva a música e vivam já se faz favor!

p.s. o título do post fecha sempre estes pequenos momentos de devaneio “musico-escritos”. é portanto no fim, que percebo o quanto a coisa positiva que se queria ao início, acaba por fazer sentido. duas coisas simples que entre elas proporcionam a um ser humano um pequeno momento de felicidade. música e palavras. este até teria sido um título mais condigno do post, música e palavras.

john coltrane live

1.4.06

outro género de mulheres

há mulheres que só por existirem fazem valer a pena que o mundo exista. há mulheres que valem mais do que qualquer monumento, qualquer sinfonia, qualquer obra-prima do cinema, do teatro, da música, da pintura e de tudo o que se manifesta em forma de arte. há mulheres que só por atravessarem a praça num fim de tarde primaveril, deviam ter à sua espera do outro lado dessa praça, um ramo de lírios e um copo de sumo de laranja natural, fresco, docinho e sem açúcar.


van gogh, lirios, 1888