31.1.08
29.1.08
a urgência do silêncio
fico inquieto quando procuro o silêncio e não o encontro
sem o silêncio que procuro, não sou eu
sem o silêncio que espero, sou o caos
sou o som infernal de uma orquestra desalinhada
desarranjada, desafinada e desordenada
sem esse silêncio sou sempre insuportável
sem o silêncio que procuro, não sou eu
sem o silêncio que espero, sou o caos
sou o som infernal de uma orquestra desalinhada
desarranjada, desafinada e desordenada
sem esse silêncio sou sempre insuportável
24.1.08
dias
adensam-se os dias de quando em quando
sufocam-nos de tanto se encherem
como balões gigantes que nos esmagam
e nos apertam por entre a enchente de cada dia,
dias crescentes, que se enchem e nos esborracham
que nos soltam de quando em quando
quando se esvaziam no esvanecer de tensões
e libertam o ar pesado daquela hora (in)tensa
são dias assim
como balões gigantes
cheios de mundos e fundos
altos e baixos
claros e escuros
quentes e frios
curtos e longos
estes e os outros
os d’ontem,
os d’amanhã,
são dias assim
como outros quaisquer
portanto,
inventa
entretém-te
distrai-te
descansa
relaxa
sossega,
rebenta o balão
se te apetecer
e toma o dia
toma-o pelas tuas mãos
mas toma-o mesmo!
sufocam-nos de tanto se encherem
como balões gigantes que nos esmagam
e nos apertam por entre a enchente de cada dia,
dias crescentes, que se enchem e nos esborracham
que nos soltam de quando em quando
quando se esvaziam no esvanecer de tensões
e libertam o ar pesado daquela hora (in)tensa
são dias assim
como balões gigantes
cheios de mundos e fundos
altos e baixos
claros e escuros
quentes e frios
curtos e longos
estes e os outros
os d’ontem,
os d’amanhã,
são dias assim
como outros quaisquer
portanto,
inventa
entretém-te
distrai-te
descansa
relaxa
sossega,
rebenta o balão
se te apetecer
e toma o dia
toma-o pelas tuas mãos
mas toma-o mesmo!
23.1.08
poder silencioso
muitas vezes o maior poder reside no silêncio, no olhar atento de quem pode mas não o faz, na machada suspensa no ar ou a coroa de louros a balançar na mão. a atitude de quem-sabe-que-tem-o-poder-mas-opta-por-não-o-usar em momentos de tensão e/ou crispação, pode intimidar mais do que a ameaça ou o usufruto constante desse poder. o poder, em determinadas circunstâncias, é maior quando não é usado e muito menos abusado.
18.1.08
ficção VIII
(antes)
“jovem casal morre atropelado por condutor embriagado que disputava uma corrida com um amigo e, no descontrolo do carro, sobe o passeio e embate contra uma parede, apanhando pelo meio o casal que seguia abraçado. O filho, de 5 anos que seguia mais à frente a ver as montras, assiste a tudo e vê os pais morrer à sua frente, aconteceu ontem numa avenida da capital, por volta das nove da noite”.
“jovem casal morre atropelado por condutor embriagado que disputava uma corrida com um amigo e, no descontrolo do carro, sobe o passeio e embate contra uma parede, apanhando pelo meio o casal que seguia abraçado. O filho, de 5 anos que seguia mais à frente a ver as montras, assiste a tudo e vê os pais morrer à sua frente, aconteceu ontem numa avenida da capital, por volta das nove da noite”.
...
Quando sai de casa e olha o céu cinzento e a calçada seca, tem já decidida a personagem que vai encarnar: um académico estudante de psicologia a fazer um mestrado ou doutoramento (isto ainda não decidiu) sobre constrangimentos morais em homicidas involuntários.
(agora)
Durante todo o dia e toda a noite, vai alinhar os passos a seguir para se encontrar com o homicida. Vai ser uma tese de doutoramento, vai pintar alguns cabelos de branco e escolher uma roupa “casual” mais clássica, vai ter que parecer mais velho, vai ter que ler muito, decorar e memorizar, planificar minuciosamente cada passo, cada registo seu, vai ter que pensar no imprevisível, vai mentir, enganar e falsificar. Durante todo o dia só existiu enquanto pensamento, na relação com os outros ligou o botão “autómato”, colegas e clientes viram e ouviram apenas o invólucro de um ser pensante a uma velocidade de 200kmh.
Saiu do banco e foi ao hipermercado com uma lista de coisas que tinha apontado à hora de almoço. Fez o jantar, jantou, sentou-se no sofá e ligou a televisão (sem som). Deixou a gata deitar-se no seu colo, e usou o comando para activar o cd do hi-fi, schubert com “a morte e a donzela" e as “trutas”. Na mesa de apoio um bloco de notas cheio de gatafunhos com uma caneta em cima. Faz festas à gata até acabar por adormecer na lentidão dos pensamentos que se vão esgotando na lentidão do afastamento…
São quatro da tarde do dia seguinte e está em casa de roupão, a gata deita-se no cantinho de sol que atravessa a janela em direcção ao soalho de madeira da sala. Em cima da mesa e espalhados pelos sofás, papeis, papeis e mais papéis. Documentos oficiais (originais) da universidade, das finanças, da segurança social, da junta de freguesia e do hospital (vai precisar de um atestado quando tiver que meter baixa para ir uns dias à capital), páginas impressas da internet com referências a literatura - mais e menos científica - sobre psicologia clínica, estudos sobre “moralidade” (de filosofia, sociologia, teologia, …) e estudos sobre comportamentos homicidas involuntários (ante e pós o acidente). Num canto da mesa, destacado da papelada toda, um conjunto interessante de instrumentos perfeitamente alinhados: um x-acto, um tubo de cola tipo “batom”, uma régua de 25cm, uma tesoura, uma esferográfica azul (bic normal) e várias fotografias suas - tipo passe - ligeiramente modificadas no photoshop. Hoje é sexta mas usou um dia de férias que teve que ter de emergência porque “morreu uma tia muito querida lá no fundão…”. Foi a primeira falta em 14 meses.
Contacta as rádios, jornais e televisões que acompanharam o caso e pede os arquivos relativos à notícia. O pretexto é a tese de doutoramento “constrangimentos morais em homicidas involuntários”. Os órgãos de comunicação acompanharam o acidente disponibilizam os arquivos mediante a sua presença pessoal devidamente acompanhada por um comprovativo passado pela universidade oficializando a sua investigação. Assim sendo e já que tem que se deslocar à capital, aproveita para contactar o estabelecimento prisional onde reside o “homicida involuntário” enquanto aguarda pela marcação do julgamento. A prisão pede algo parecido ao tal comprovativo do doutoramento mais o BI. Ele diz se apresentará brevemente mas tem ainda que rever a agenda uma vez que tem outras visitas marcadas e muita leitura para fazer. Não marca datas mas está ansioso pelo encontro com o homicida.
16.1.08
world wide web at (the new) home (?) - ainda não...
parece que é amanhã de manhã... mas nunca se sabe... a cabovisão, depois da intervenção do departamento de vendas, do departamento de atendimento ao público, o departamento (técnico) de instalação e o departamento (técnico) de rede, concluiu que, para eu ter o serviço pelo qual havia assinado o contrato (duas semanas antes), seria necessária a intervenção do departamento de construção "e isso, isso vai demorar..."
depois disto, a pt, que "costuma levar entre 8 a 15 dias úteis a fazer uma instalação", está há 16 dias úteis para alterar para uma nova morada um serviço de internet.
enfim... as grandes empresas têm destas coisas.. e nós, que somos só um número de cliente e outro número de euros, temos que nos aguentar à bronca e é se queremos...
parece que não...
sr da pt logo de manhã e a olhar para o papel:
"eles enganaram-se, tenho que ir buscar o sinal a outro lado.... em princípio só segunda-feira..."
"ai portugal portugal... um pé numa galera, outro no fundo do mar..."
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